Monday, August 30, 2010

Devoção Ingloriosa

Sorria mais uma noite de louvor
À adoração de um medo incerto
À revelação de uma mente insana
Ao pecado de um mundo inteiro

Sorria maravilhas e vertigens e loucuras
E conheça a verdade de cada verdade
Mentiras sob vertentes escarlates ou neon
Cuspidas como vermes de um povo insano

Eles estão surdos e não querem mais ver
Não vêem que a mentira não convence
Matam, sofrem, dão graças ao quarto Deus

Eles estão mudos, não enxergam mais nada
Não respondem por seus atos, loucos
Morrerão a sofrer pela dor que não viram

Sunday, August 29, 2010

Prisão de rimas

Nasce, e como nasce...A vida, a alma.
Já que temos de esperar a morte
que podemos enfim, aproveitar
beber água da fonte, ser mais
mais do que apenas um.

Já que temos de morrer um dia
que possamos viver da alegria
que vivamos um dia de  cada vez
e saber que é o nosso carpe diem.

Já que sofrer é mal inevitável
que não tenhamos medo de tentar
o ser humano em si já é errado
não vamos fazer de cada escolha
um novo pecado.

E que o amor possa nascer
já que um dia ele vai ter que morrer
Os finais para sempre não existem
mas fazemos o começo e não o fim
lutamos o máximo para a chama
que lá está (e lá está)
continuar...

E que o poeta não pare de escrever.
E que a garota não fique sem amar.
Que a rima não seja só uma prisão
a ter que se libertar.

Saturday, August 28, 2010

Anagrama da Morte

O medo é sinônimo do anagrama da morte
Teme a vida, o silencio, o pesadelo mudo
Sente na pele d’alma, da vida sente o corte
Mente a si mesmo, faz-se de poeta surdo

O medo teme a vida, depende do terror
Teme o sol, o frio, o vento, o medo seco
Não vem à vida a ver a vertigem do temor
O vento grita a vida, o medo teme seu eco

O pensamento do medo despe o sorrir
Suja, sua pele encara sentido para mentir
Não diz temer a morte ou a própria vida

Não teme a morte, não, odeia o sentir
Fica a tocar ser medo, nunca a partir
Anagrama da morte, tormenta, partida

Friday, August 27, 2010

Banho de chuva

Chove, lave  a alma do cansaço habitual
molhe o rosto de grande desespero
renove os sonhos, o saber.
Hasteie enfim a bandeira da vitória.

Se a vida fosse doce, não existiria o sal.
E essa frase não é original.
Apenas retrato do que se faz querer
e acreditar no raio final da glória.

Lavam as mãos sujas de terra, sujas de mal,
brincam como crianças dentre a água.
Querem apenas de dias como esse viver
e das lembranças boas que restam na memória.

Thursday, August 26, 2010

A Praia

Veio com o sol molhar
O farol como um olhar
O rouxinol a cantar
Mais uma lua

Veio andando devagar
Cantando como canta o mar
Vagando no estrelar
De um desejo

E o sol gritou seu olhar
Venha, comigo realizar
Nosso sonho, a verdade
Libertar
E te amar.

"Para D.V.M."

Monday, August 23, 2010

Messias

Cruzes formam o desenho pálido do desejo rispido
de ter quem longiquamente está, e vai, e já
não se sabe, não se soube bem ao certo o que dizer.
Eles só querem se entreter. Em ruas vazias.
São as feras da noite.
   
Caminhadas já não mostram o que deviam mostrar
apenas cansam, esgotam, absorvem a energia
do ser extasiado cheio de sonhos e morte.
Vida e sorte.
   
Secretamente derramado nas páginas de um livro.
Essas páginas, desse livro!
   
E a alma apenas caminha, cansada.
Esperando a salvação tão prometida.

Sunday, August 22, 2010

Mentiras

Quem disse que podemos viver para sempre
Quando pudermos voar sobre nosso tempo
Falar a verdade sem sentir a dor do momento
Quem disse que deixaríamos de ser cruéis

Quem diz a verdade não sabe esconder o som
O cheiro, o gosto, da lágrima que cai da dor alheia
Quem diz que não podemos apenas vender
A alegria triste de quem não sabe mais esquecer

Quem diz uma nota de verdade em pobres ouvidos
Toca uma nota de angústia, de saudade, de maldade
Faz a tempestade chegar nesses pobres olhos

Quem disse que poderíamos viver para sempre
Sem nunca mais sentir a dor do tempo, da verdade
Que mora em cada um de nós, ávida por matar

O segredo de voar

O Guia do Mochileiro das Galáxias diz o seguinte sobre voar:

Há toda uma arte, ele diz, ou melhor, um jeitinho para voar. O jeitinho consiste em aprender como se jogar no chão e errar. Encontre um belo dia, ele sugere, e experimente.


A primeira parte é fácil. Ela requer apenas a habilidade de se jogar para a frente, com todo seu peso, e o desprendimento para não se preocupar com o fato de que vai doer. Ou melhor, vai doer se você deixar de errar o chão. Muitas pessoas deixam de errar o chão e, se estiverem praticando da forma correta, o mais provável é que vão deixar de errar com muita força. 

Claramente é o segundo ponto, que diz respeito a errar, que representa a maior dificuldade. Um dos problemas é que você precisa errar o chão acidentalmente. Não adianta tentar errar o chão de forma deliberada, porque você não irá conseguir. É preciso que sua atenção seja subitamente desviada por outra coisa quando você está a meio caminho, de forma que você não pense mais a respeito de estar caindo, ou a respeito do chão, ou sobre o quanto isso tudo irá doer se você deixar de errar. É reconhecidamente difícil remover sua atenção dessas três coisas durante a fração de segundo que você tem à sua disposição. O que explica porque muitas pessoas fracassam, bem como a eventual desilusão com esse esporte divertido e espetacular.

Contudo, se você tiver a sorte de ficar completamente distraído no momento crucial por, digamos, lindas pernas (tentáculos, pseudópodos, de acordo com o filo e/ou inclinação pessoal) ou por uma bomba explodindo por perto, ou por notar subitamente uma espécie muito rara de besouro subindo num galho próximo, então, em sua perplexidade, você irá errar o chão completamente e ficará flutuando a poucos centímetros dele, de uma forma que irá parecer ligeiramente tola. Esse é o momento para uma sublime e delicada concentração. Não ouça nada que possam dizer nesse momentos porque dificilmente seria algo útil. Provavelmente dirão algo como: "Meu Deus, você não pode estar voando!" É de vital importância que você não acredite nisso: do contrário, subitamente estará certo. 

Flutue cada vez mais alto. Tente alguns mergulhos, bem devagar no início, depois deixe-se levar para cima das árvores, sempre respirando pausadamente. NÃO ACENE PARA NINGUÉM. Quando você já tiver repetido isso algumas vezes, perceberá que o momento da distração logo se torna cada vez mais fácil de atingir. Você pode, então, aprender diversas coisas sobre como controlar seu vôo, sua velocidade, como manobrar, etc.

O truque está sempre em não pensar muito a fundo naquilo que você quer fazer. Apenas deixe que aconteça, como se fosse algo perfeitamente natural. Você também irá aprender como pousar suavemente, coisa com a qual, com quase toda certeza, você irá se atrapalhar - e se atrapalhar feio - em sua primeira tentativa.

Douglas Adams - A vida, o Universo e Tudo mais

 
ps: não resisti, é um trecho do meu livro preferido.

Wednesday, August 18, 2010

Palavras caladas

Eu quero falar.
Mas em momentos não consigo, algo me cala, eu me calo e me faço de idiota. Todos acreditam.
Só eu sei o que se passa em minha mente, só eu. as vezes eu simplesmente não estou prestando atenção no que falam, as vezes eu simplesmente prefiro não opinar sobre o que falam.  Política, religião e clichês são assuntos que não me interessam.
Apenas fico quieto, gosto muito de conversar e rir, mas fico parado, sozinho, ouvindo música e não olhando para nenhum dos dois lados.
Tem dias que até eu acredito que sou idiota, que estou deixando de viver tanto, que estou me deixando levar por um caminho que eu não quero seguir. Talvez eu queira construir novamente a minha vida, a partir de um novo lugar, novos amigos, novos medos, desesperos, sentimentos. Nova alma.
A questão é que não estou conseguindo ser eu mesmo, em algumas situações. É saber o que quer dizer, o que quer fazer e acabar por acontecer exatamente o contrário.
Não sou covarde, triste, tímido, quieto e muito menos realista, mas estou interpretando esses papéis no teatro perigoso de minha vida, ao invés de seguir as notas do piano que sonhei.
Estou dizendo baixo o que quero que todos ouçam, falando apenas em pensamentos os sentimentos que queria dizer para quem os pertence.
Nem triste ou feliz, nem cedo ou tarde, nem romântico ou realista, nem eu ou outra pessoa qualquer.
Confundo-me em meus próprios textos, me desgasto em uma guerra de bem e mal, certo e errado, otimista e pessimista, tudo em minha própria mente.
Não se importe caso eu não ouça o que diga, atualmente prefiro viajar a ter que interpretar.
Mas eu quero falar...
E não consigo.


 

Monday, August 16, 2010

Rabisco involuntário

Hoje eu penso, com experiência de quem sofreu:
Quem não já amou alguém na vida, não viveu.
Eu digo, eu vivi.
Mesmo que tenha doído após o fim,
mesmo que tenha chorado, apunhalado...
não me arrependo, não.
Pois enquanto estive vivo apaixonado
vivi experiências, convivi com o meu amor.
Ou quem eu achei que fosse a minha outra alma.
Parei de pensar em mim e me importei com outro alguém.
Ela sabe quem...
E eu lhe digo, garota, sem nenhum meio-termo...
Talvez até sem emoção ou sentimento,
que a partir do momento que você entrou em minha vida
gravou também seu nome nas linhas de minha história.

Friday, August 13, 2010

Embriaguez

Vem, sacia minha sede de ficar louco
desça arranhando dentre minha garganta
que pede por sentir o amargo de teu gosto.
Embriaga me nessa noite, faça-me vomitar meus horrores
a minha ânsia de jogar fora tudo o que tenho dentro de mim.
Falsa sensação de que minha culpa, meus defeitos
foram jogadas para longe junto de tudo o que comi.
Perdi o discernimento do que é certo e o que é errado
sou dono do meu mundo agora, perdi também a culpa
a dor, as lembranças do passado,
graças ao gosto do pecado. E eu peco
em saber, mesmo louco, que amanhã retorno
ao universo da realidade, saio da insanidade.
Mas hoje eu vôo, giro, invento novos passos
na dança desse êxtase, como um orgasmo solitário.
Eu te bebi, eu te bebi, eu...bebi, o que era mesmo?
Não lembrarei nada de hoje, fora a dor de cabeça,
mas saberei com certeza, que a dor sumiu
na embriaguez dessa noite, no teu gosto amargo,
o fel de meu prazer.

Tuesday, August 10, 2010

Bipolar

A manhã nasce belamente sem sol
com cachorros alegremente matando seus donos
e a vida suspirando com asma as dores felizes do sofrer.
O mundo é tão vasto e tão pequeno
que já não se sabe se é a hora de sorrir ou de chorar.
Mas de qualquer forma pouco importa o que virá,
triste saber que amanhã irá ser importante, sim.
"Viva sendo você mesmo ô menino, e seja feliz com isso".
Acreditar, não acreditar, acreditar, não acreditar...
Vamos sair por aí pra farrear? Prefiro ficar em casa e estudar.
Quero mesmo é aproveitar enquanto posso.
Pena que já não posso mais.
Idéias de um mesmo alguém,
inconstante, berrante, gritante, abundante, errante.
O choro soluçante durante toda a noite, acordando os pais.
A gritaria de alegria durante toda manhã, acordando a si mesmo.
Sol, chuva, brilho da lua, lua nova desaparecida.
Sangue AB, B e sangue A...positivo e negativo.
A partir de hoje tudo vai mudar.
Mudar? Besteira, nada há de dar certo.
Incerto, correto, cego a si mesmo.
Se eu caminhar não posso correr? E se correr?
Porém se eu chegar a cair e começar a sangrar?
Melhor ficar parado, quieto, estátua
com essa mente bipolar.

Tuesday, August 03, 2010

Ressaca

Aquela noite, aquele dia...vejo-te de longe
bebendo, sorrindo, te procuro com o olhar.
Você me olha, sorri o singelo, o sincero.
Já não me resta nada nessa noite a não ser você.
Me aproximo como quem não quer nada
você faz o descaso em seu olhar
como quem não quer se envolver,
mas eu sei dizer o porquê...
Seus olhos negros tem medo de chorar,
você tem receio de se entregar.
Não importa, por hoje...Não...
Somos só nós dois no meio da multidão
e o blues que está a tocar.
O teu olhar...O teu olhar...
Beijo alcoolizado, a insanidade em teu lábio.
Amanhã não lembrarei nada desse romance,
desse romance de uma noite só.
Mas hoje me entrego e não espero nada de ti.
Nada além do prazer de teu volúpio corpo,
do prazer de tua língua, desse fogo a arder.
E o choque acontece, você me diz 'eu te amo'.
Como posso? Como pode?
Mas agora é tarde demais...
Você já me ama, e eu já me entreguei por inteiro.
Nessa noite, nesse meio.
Amanhã vou te magoar.

Applesauceless Week

Lately the nights have an added sparkle, like you could, with your smile, just brighten a whole townhouse. Clean energy for everyone around ...