Friday, December 23, 2011

Sorteio

Do seu lado, ali, parado e sujo estava aquela antiga arma da Segunda Guerra Mundial. A mesma que foi-lhe companheira durante toda a década de 40, era seu troféu, era sua irmã, era a unica coisa que sobrara em sua vida. 89 anos vividos dentre guerras e sorrisos, entre almas caídas por amor e por dor, entre viagens boas e ruins. Hoje seus 89 anos significavam o que ele não pode aproveitar, deixou em algum momento suas fichas caírem no chão e não voltou para pegá-las, era hoje os resquícios de um homem, deixou de ter amantes, deixou de ter ascendentes, deixou tudo para depois, exceto a guerra. A mesma que lhe deixou em coma por vinte anos após uma granada perguntar se podia arruinar sua vida.

Voltando ao tempo, temos um homem, com 46 anos acordando para sua nova vida, sua pouca propensão a ter amigos explodiu junto da fonte de seu coma, não teve nem a compaixão da própria enfermeira que lhe deu os cuidados necessários para que voltasse à sua vida normalmente, e ele perguntou o que era vida, parecia algo tão subjetivo, o que faria dela? Era de comer? Seu novo modo anti-social aliado a sua pensão vitalícia por danos causados pela guerra lhe permitiu uma vida sem contatos pessoais, sem afeições. Nem mesmo a garota do supermercado se atrevia a sorrir para um homem de barba mal feita e mal encarado como era agora aquele anti-herói da humanidade.

Hoje é seu aniversário de 89 anos, o tempo passou mais rápido, não? Mas ele aguardava ansiosamente sua morte, desejava que a granada não tivesse sido incompetente em sua missão e assistia programas gastronômicos para descobrir se o Bacon era uma boa forma de se matar lentamente. Em sua porta pilhas de jornais, revistas e correspondências de parentes distantes. Não se atreveu a sair de casa durante 25 anos, desde que levou uma bala nas costas e perdeu o movimento de seu lado direito do corpo. Sua motivação, que já fora quase nula tempos atrás, tornou-se absolutamente zero. Mas a morte não lhe dava sossego tão cedo.

Ele deitou e colocou a arma sobre seu peito, começou a cantar uma cantiga que sua mãe cantarolou quando seu pai ia foi ao trabalho ser morto por rebeldes aquele dia. Ele lembrou, ela chorava e cantava, uma canção tão depressiva que trazia sentimentos depressivos até ao mais otimista dos homens. Na época ele entendeu que devia honrar a morte de seu pai, quando chegou ao exercito percebeu que era tudo bobagem, e esperou ansiosamente pela sua dispensa, planejava ter filhos caso encontrasse uma mulher que gostasse de seu jeito introvertido, pois afinal, tinha suas qualidades, tais como inteligência e beleza, mesmo que discreta.

"Eis que a morte nos separa e convém nos deixar sozinhos uns com os outros, cuidando de nossos próprios problemas e pensando no passado como uma dor existente e pontiaguda no peito. Você, que desse seu jeito me faz feliz, vá para a guerra, saberão lhe cuidar, saberão lhe cuidar, para que eu nunca mais veja seu rosto novamente..."

Dormiu enquanto cantava, sua arma em seu peito, pobre sujeito de escolhas erradas.

A morte dormia também, acabara de matar um jovem estudante amante da vida.

Friday, October 28, 2011

Definitivo

Pense em alguém.

Agora pense que essa pessoa goste de escrever, goste de ver como as palavras formam um desenho suave e bem feito quando dispostas de uma forma linear entre parágrafos, versos, estrofes e pontos finais. Essa pessoa se vê como um mero escritor de finais de semana, enquanto não tem metade da coragem que tem de escrever, para dizer. Uma pessoa que sente saudade de sentir saudade, sente amor por sentir amor, sente dor, mas não sente nada.

Essa pessoa escreve despretenciosamente em um papel um conjunto de palavras que a define: Insegurança, música, café, escrever e sonhos, muitos sonhos. Você riria dessa pessoa ao ela dizer rindo que espera escrever um livro com suas escritas. Você a vê como um mero ser humano sonhador que acredita em contos de fada, mas sente-se só ao saber que você costumava ser quem acreditava nesses contos, você costumava ser essa pessoa. O que sobrou ?

Você escreve um "tu" em um papel e espera que a segunda pessoa te faça escrever algo simbolicamente bonito. Enquanto isso essa pessoa juntava suas metáforas envolvendo sol, mar, alma, água e espinhos, esse conjunto de metáforas que você costumava usar quando escrevia sem pensar no que dizer. Não esqueceremos do final com uma frase de impacto, daquelas que, se ninguém lesse o texto todo, ao menos iriam se impressionar com a disposição do final da escrita. Era esse seu plano, impressionar a si mesmo.

Ela escreve sobre o amor, você não o consegue, não sente absolutamente nada do que possa ser parecido como amor e não vê nessa palavra o simbolismo da intensidade do que você já sentiu antes. "Amor, amor, amor...". O que pode-se dizer três vezes sem sentimento e sem titubear não deve ser levado a sério como um sentimento, a palavra simboliza o que não se pode mensurar, não se pode nem imaginar. Quem nunca sentiu.

Voltamos à pessoa, voltamos a você, pessoa, ser, homem feito de massa falida, que perdeu seu humanismo para ocupar-se de momentos fúteis que sempre condenou, que ainda condena. Entra aqui a metáfora de afogamento, do seu afogamento perante seus próprios princípios.

Talvez a pessoa seja você, no fundo, esperando para ocupar-se novamente do sentimento sem palavra definida. Enquanto isso espero sentado nessa pedra, no meio dessa grama envolta por essas árvores.

Você é um tigre, vá caçar sua verdadeira alma.

Saturday, October 15, 2011

Do outro lado da rua


Em minha alma, na sua estrada, suas cores, tua casa.
Sou eu dentre ilusões e falácias, vendo-te de longe.
Pensando apenas que tu não és como sou
e nem haveria de ser

Este sou eu, esperando-te de longe, espiando-te de longe.
Se te espero por amor ou por falta dele, não sei dizer,
mas enquanto te vejo dançar, me vejo dançar
e não costumo pensar muito em passos vazios.

Podes rir, podes caçoar-me por ser tão desconcertado,
porém na minha cidade as regras são minhas.
Não me importa qual tua sina, ou tua vontade,
serei o que sou, serei quem restou.
Apenas mais um a te querer, mas bem te quer.
Mal me quer, tu que sabes qual teu ofício,
sacrifício de agüentar o violão leve de fundo,
pois tu gostas do grave e do agudo, não do sereno.
Serei teu sereno, sujeito ameno a não esperar nada.

Vejo-te vindo em minha direção
como quem olha curiosa a um animal de estimação,
sem o interesse de adotá-lo.
Sou mais do que isso, meu amor, não mais tanto meu.
Violetas e rosas, da flor sem cheiro forte,
mas de inteira delicadeza.
És tu sereia, fonte de água que me espera em silêncio.
Quieto apenas penso o que seria a te ter.
Sou quem muito pensa e nada faz, querida.
Não espere uma só árvore caída a te impressionar.
Sou quem impressiona por apenas ser quem sou,
com defeitos, preconceitos, preceitos e lamentos.
Sou quem sente pouco e escreve muito sobre sentimentos.
Não espero mais nada da vida, nem o teu amor.
Deita-te do meu lado, que também estou confuso.
Esse é o insano, um imenso absurdo dentre livros de poesia.
Meus e teus querida. Meus e teus.

Friday, October 14, 2011

Iemanjá

Enquanto olhei ao mar, ali estava toda sua imensidão... Olhei e pensei o quão difícil seria à minha mente encaixar a idéia de suicídio dentre às águas, se algo de fato barraria esse instinto de andar calmamente em busca do horizonte que eu via sem se importar muito que ali seria o fim, e ali seria o fim. Enquanto isso surgiu uma flor jogada da água diretamente a mim, em um gesto que dissesse “Tal atitude não acabaria com esse seu vazio, apenas o instituiria a outra pessoa”. E a flor me fez sentir vivo por fora e morto por dentro. Não em um sentido que me faça dizer que estou depressivo a ponto de querer pular de uma ponte ou de fato atender a esse meu desejo instantâneo de me jogar ao mar sem saber nadar, mas um sentido que diz não haver um só motivo de vida, um só alicerce a que se segurar.

Caminhando entre a areia da praia me volto a pensar no que seguramente estou perdendo ao não me sentir em um só sentimento, é como se meu corpo e a parte lógica de minha mente controlassem a mim o tempo todo, apenas fazer tarefas normais, sem atribuir qualquer sentimento dentre elas, sem encontrar qualquer desespero ao chegar o momento de ter que chorar. Não me desespero, não mais.

Vi-me numa analogia porca ao vento, a imensidão do mar e a quantidade inesgotável de areia que possa cobrir meus pés. Enquanto pensei tanto em como dispersar esse sentimento (ou essa falta de sentimento) escolhi as letras erradas organizadas da maneira certa, escolhi em minha mente lógica palavras que pudessem ser sósias daquelas que instituíram uma vez alguns de meus sentimentos, palavras que pudessem um dia ter significado, mas hoje são apenas as palavras ali escritas e organizadas como se fossem apenas produtos em uma prateleira de supermercado.

E deitado na praia, hoje, apenas a música, como um manto cobertor, me aquece e me faz lembrar o que é sentir.

“Someone finds salvation in everyone, another only pain”.

Talvez eu procure a salvação em você, talvez procure apenas.

Thursday, October 06, 2011

Meu Anjo da Guarda

Eu preciso dizer;

Eu preciso chorar, me expressar, mostrar o quanto eu te amava.
Não acho justo as pessoas boas terem que ir embora, não acho justo eu ter que te dizer adeus. Então digo apenas tchau, porque enquanto eu existir você estará em minha memória, enquanto eu puder lembrarei de você sorrindo e do leite derramado de manhã porque você esqueceu de tirá-lo.

Lembrarei dos sorrisos, das alegrias, dos desabafos que te falei, dos conselhos que recebi, lembrarei de ti como uma segunda mãe, como uma companheira a qual eu fazia questão de falar a todos o quanto eu amava.

Você agora é anjo, está espalhando sua graça e sua alegria no paraíso. Você é anjo da guarda de todos nós, olhando por cima enquanto fazemos as mesmas besteiras que você insistia que eram erradas, mas a gente aprende, com você do lado, sempre.

Porque a existência sua não está taxada na sua presença carnal, mas na perpetuação tua em nossas almas, desde sempre.

Espero que você leia, esteja onde for, com todo meu amor.

Vai com Deus, vó, te amo, demais.

Saturday, October 01, 2011

Flamboyant

Ela dançava;

Olhava em sua volta o vazio daquela mansão, era dela, era tudo dela, toda a riqueza que sonhara.

Rodopiava dentre o imenso salão, falava alto, sozinha naquela imensidão a qual poderia agora chamar de lar. Foi à piscina, naquele calor não existiria algo melhor do que a água para se refrescar, sentiu um aperto no peito ao olhar em volta e não ver ninguém, mas logo passou, ao ver passáros pousando naquela árvore que não sabia o nome.

Nadou, nadou como se soubesse e depois como se fosse afogar, nadou ao fundo, nadou ao topo e, enfim, parou.

Dessa vez não foi aperto, foi pânico: Não havia ninguém a sua volta.

Refletiu que agora com aquela mansão encontraria novos amigos que quisessem compartilhar sua experiência e modos. Lembrou que odiava pessoas arrogantes e que todos os ricos que conheceu eram assim, calou-se a cantoria.

Agora era uma alma pobre em um corpo rico, a modéstia na forma pura dentro de uma casa do tamanho de dois quarteirões inteiros, se sentiu grande, depois sentiu-se pequena, ao recobrar seu tamanho saiu da piscina. O que faria com todo aquele dinheiro? Doar não ia adiantar, ela não queria se abster do dinheiro, mas dos prejuízos morais e sociais que ele traz. Não queria ser atriz, mas não queria ser vilã.

Pisou fortemente no gramado, ao lado da placa "não pise na grama", deitou no sofã de couro com os pés descalços sujos de terra. Ligou a TV: Assassinato. Morte. Enchente. Corrupção. Enchente. Morte. Ganho de loteria. Merchandising.

Desligou a TV, nada daquilo a fizera bem... Decidiu então respirar forte e esperar a angústia passar. Entrou na internet. Google, árvore com folhas vermelhas e alaranjadas. Flamboyant. Isso. Tinha sua própria árvore Flamboyant agora... Nome muito sofisticado, a alternativa foi o nome árvore-flamejante. Bem rústico.

Se sentiu mais pobre por um instante e dormiu no sofá sentindo-se bem com isso.

Acordou com toda a casa limpa e um cheiro de comida vindo da cozinha. Foi até lá:

- Olá Sra Vitória, sou sua cozinheira, fiz salmão ao molho de maracujá. Se quiser trocar posso lhe fazer filé mignon ao molho suíço que sua mãe gostava tanto. Uma pena morrer tão cedo né?

Precisaria agora de uma nova maneira de se sentir pobre, ou menos rica, mais modesta."Droga mãe! Não podia ser só um apartamento na praia ou algum dinheiro pra faculdade?".

Wednesday, September 07, 2011

Marcas e passos

Uma noite chuvosa qualquer, trazendo o medo e o delírio de um ser, esse humano que não sabe mais o que esperar do agora e nem do que virá no futuro, confuso entre a vontade de sentir um novo amor e o medo de sofrer, entre o orgulho e o desespero. Enquanto espera por um sinal qualquer de que ele não caminha a passos largos para lugar algum, ele também age como quem não se importasse, quem não quisesse agir, pois sabe que carregaria o fardo de ter feito alguém sofrer, pelo simples ato deslizante de sua alma.

Aqui está ele sem o anjo protetor, sem nada que lhe diga o que é certo e errado... Simplesmente não há maneira de saber qual a conseqüência de seus atos, qual é a vida atingida, sua mente confusa espera a dinamite a explodir, para apenas se jogar enquanto sente em seu corpo algo do que se orgulhar. Não se vê nada no rio das faíscas sonhadoras que ele costumava chamar como sentimentos, seus sentimentos. Ele espalha confusão a sua volta, espalha dor em sua volta, mas não a sente. Ri enquanto chora sem motivo, corre enquanto não tem pressa e pega o primeiro ônibus ao lugar oposto do que ele acha dever ir. Seus atos não fazem sentido.

Ofusca suas qualidades tão ditas anteriormente, enquanto procura mais defeitos para demonstrar, já não basta somente à má impressão de ser alguém em busca de algo a sentir, ele quer também que todos esperem dele uma alma a chorar, resmungar, expor-se ao ridículo enquanto ouve o coral a cantar “Vamos rir, vamos apenas rir da alma a esperar convicções, da alma confusa de decisões, dessa alma sem dor”.

Mas ele apenas sorri mesmo em sua desgraça mental, sorri porque todos esperam um sorriso de sua face, pois ele tem um baú de ouro em suas mãos, tem sua vida no ápice das almas transbordadas pela fonte límpida e feliz, sorri porque não está triste ou entusiasmado, doce ou amargo. Ele tem tudo, mas quer mais.

Enquanto o tempo passa, o sujeito apenas espera por mais um amor, ou uma dose de tequila:

- Sal e limão nos dois, por favor.

Tuesday, August 02, 2011

Ordem e progresso

Riso, ah... Um bom riso.
Olhando o sangue através do abismo,
um corpo ali sem vida, da pátria desolado.
Morreu em vão, morreu igual a um cão
do jeito que queria, do jeito que havia de querer.
Pois soldado assim gosta de se ver morto,
quis sofrer aborto e vê na patria sua mãe.
Hino nacional toca em marcha fúnebre:
Mãe, pai, irmã e esposa a soltar lágrimas
de desespero, de fracasso do menino.
Dezoito anos só o coitado, foi servir seu sonho.
Acabou desalmado em solo amigo, por um amigo
em um acidente de percurso.
Queria ser advogado, médico ou escritor,
mas ouviu um dia de um sábio senhor:
"Quem ganha dinheiro, seu doutor,
é quem usa farda verde, marcha com louvor,
defende essa nação como se fosse
sua única função a viver, seu maior bem-querer.
Ama a pátria mais do que sua esposa
e morre com glória por um acaso do inimigo"
O rapaz só esqueceu, coitado,
que morrer pela pátria não é com fogo amigo,
muito menos em um treinamento.
Só resta o lamento de mais um jovem morto.
Futuro do país, um futuro destruido
sem violência, sem drogas, sem favela no Rio de Janeiro.
Morto com um tiro de sua pátria, em seu peito.
É o sangue inútil sujando a "Ordem e Progresso".

Sunday, July 31, 2011

Batucada de Samba

Querer o que,
querer quem mais.
A vida leva,
a vida volta,
a maré dá voltas.

Sentir tua alma,
querer tua calma.
Ah, musica da selva,
me leva, me leva...

Em um só ritmo,
uma pequena batucada,
a flor desaflorada
do dia que já foi,
Como se fosse hoje
o dia da alegria,
da morte, da dor.

Enquanto estiver nessa roda de samba
vou fechar os olhos e dançar,
fechar os olhos e dançar,
sentir a musica e gostar,
sorrir, apenas a sambar...
Até anoitecer.

Wednesday, July 27, 2011

Absinto

Eu via as linhas do vento passando por ti,
de relance o sol no reflexo do teu corpo,
andava a tua volta, via seus olhos sonhadores.
Quis te dizer uma palavra, mas não haveria resposta,
então calei-me, apenas contemplando a beleza
de teu corpo nú me olhando de relance.
Quis chamar-te à dança, pintar-te surrealista,
te transformar em literatura, escrever-te uma canção.
Estás com fome? Estás com sono?
Quer ouvir uma melodia de amor?
Enquanto eu sorria, tu ainda me olhava, como se não houvesse
futuro ou passado, amanhã ou ontem.
Como se a resposta para tudo fosse ficar ali, parada,
vendo o desejo consumir-me, o desejo de te ter.
A falácia de que tu és por direito minha e só minha.
Me perco nesse sorriso amarelado, pois eu sei,
a insanidade que me fez isso, a idéia insana de você.
Poderia apenas assistir um filme romântico, mas...
Ao invés disso quis te querer por inteira,
já que não viva ao meu lado, refeita em minhas próprias mãos.
Afinal, tu estás agora em sua cama e alma gêmea,
e eu estou aqui, a contemplar uma escultura.

Wednesday, July 20, 2011

Despertador

Enquanto eu olhava as fotos,
enquanto eu suspirava os fatos.
A voz que me vinha a cabeça,
sua voz, cochichando em meus ouvidos:
"Você fez o que quis, você quis o que fez"
E eu balbuciando pequenas palavras sozinho...
"Eu...eu...me desculpe, me perdoe"
Me apunhale pelas costas, jogue em um canto escuro.
Não fui nem um pouco o homem que desejei ser,
fugi mesmo aos meus princípios, cortei meu próprio dedo.
É esse seu medo de me querer novamente,
essa sensação de que tudo voltará.
Me traz a imaginação traiçoeira, verdadeira
de você falando aos prantos:
"Você me fez sorrir, me fez chorar, quer-me fazer voltar?"
Nunca disse essas palavras, não houve momento a lhe procurar.
O simples ato de ainda querer lhe ver, lhe sentir em um abraço,
foi a ilusão sua e minha de um novo começo,
de um adereço que não houve em um momento sequer,
o sentimento cheio na alma vazia, que ali jazia, não houve.
Aqui estou eu, novamente a te matar por dentro,
novamente a te querer por fora, sendo egoísta.
Um humano só no meu próprio universo,
utilizando cada ser como se fosse um objeto.
Aqui está você, meu livro preferido de historias mal contadas
já desgastado pelo tempo, empoeirado pelo vento,
com páginas rasgadas que já não voltam mais...
A culpa foi minha, que te tratei como não devia
e agora alucino com suas memórias de vida,
lembranças da morte.
O meu maior medo, é querer novamente arrancar-lhe um pedaço.
Está tão linda em minhas memórias...
Porém enquanto estou a beira da ponte querendo pensar
te ouço baixo, bem baixo, ouvido a sussurrar:
"Pule..."

Monday, July 04, 2011

Volver

Espere um pouco, véras dança,
música com um filete de prepotência,
como se já não bastasse a ignorância.
Vai encontrar, não... Vai aprender,
que quanto mais segura em algo perpétuo
mais o perpétuo desaparece.
É o tango argentino,
é a alma melancólica
se desfazendo no ritmo lento.
Não espere fazer o que é preciso,
apenas queira fazer, sem pensar,
não se sabe onde, não se sabe o que.
É como se seus pés soltassem o chão,
mas não para voar, apenas flutuassem.
Não adiantaria correr, andar, rastejar,
porque você não iria sair do lugar.
Continue dançando ao vento, sozinho,
é um tango, argentino, lentamente cortante
a cada nota significativa.
Nenhuma palavra sairá de sua boca agora,
tentará cantar, mas nada será ouvido...
Nenhum tom, nenhum grito estridente,
apenas a melodia melancólica.
Sobrou você e o tango.
Sobrou sua alma e a dança.
Sobrou seu tempo e o fim.
Nada de sua mente confusa sobreviverá,
aprenderá apenas a dançar, flutuando.
É você, são eles, apenas um tango, meu caro.
Não há do que temer.

Ah, espere?
Você espera não dançar sozinho?
Meu amigo, é um tango argentino,
quão alegre poderia ser?

Friday, June 17, 2011

Sorriso, não alma.

O palhaço segue sua alegria
e da sua vida o cala
a alma do dia que ja foi,
a dor de uma suposta morte.
Nada o impede agora,
nada de sua vida vazia,
nada a que se apegar,
nada do que desejar.
É sua vida, palhaço,
não a de um ser humano qualquer.
É a alma, é a dor, é a morte...
Tudo o que te espera já está por vir
e não espere por vê-los partirem,
pois você é palhaço.
Ninguém quer te levar a sério,
é só o momento da diversão,
é o copo de rum, é a alma de um,
somente e semente, palhaço.
É o circo francês, almoço burguês,
são os ricos, amigos, os desfavorecidos,
mas não é você, pois é palhaço.
O mundo não espera nada de ti,
nem você acredita no próprio sorriso,
sem dor, sem entusiasmo, sem fé,
como Deus virando um ateu.
Esse é você, esse sou eu.
Palhaço.

Wednesday, June 08, 2011

Temor (Hora de Delírio)

Segue um dos melhores poemas que já vi, feito por Junqueira Freire.

Não, não é louco. O espírito somente
É que quebrou-lhe um elo da matéria.
Pensa melhor que vós, pensa mais livre,
Aproxima-se mais à essência etérea.

Achou pequeno o cérebro que o tinha:
Suas idéias não cabiam nele;
Seu corpo é que lutou contra sua alma,
E nessa luta foi vencido aquele.

Foi uma repulsão de dois contrários;
Foi um duelo, na verdade insano:
Foi um choque de agentes poderosos:
Foi o divino a combater com o humano.

Agora está mais livre. Algum atilho
Soltou-se-lhe do nó da inteligência;
Quebrou-se o anel dessa prisão de carne,
Entrou agora em sua própria essência

Agora é mais espírito que corpo:
Agora é mais um ente lá de cima;
É mais, é mais que um homem vão de barro:
É um anjo de Deus, que Deus anima.

Agora, sim - o espírito mais livre
Pode subir às regiões supernas:
Pode, ao descer, anunciar aos homens
As palavras de Deus, também eternas

E vós, almas terrenas, que a matéria
Ou sufocou ou reduziu a pouco,
Não lhe entendeis, por isso, as frases santas,
E zombando o chamais, portanto: - um louco!

Não, não é louco. O espírito somente
É que quebrou-lhe um elo da matéria.
Pensa melhor que vós, pensa mais livre,
aproxima-se mais à essência etérea.

Saturday, May 28, 2011

Personagem da realidade

Vejo muito do House em mim.

Não pelo sarcasmo, não pelo gênio da medicina, mas pelo ser humano escondendo-se dentre vícios, escondendo o sofrimento que sente, e o que não sente. Vejo muito dele em mim nos momentos que uma personalidade orgulhosa transforma-se em prol de quem se ama, sacrifica-se.

E como com ele, todos os sacrificios são em vão, toda a luta para que a felicidade ocorra, para que o vício seja em ser feliz e não em uma droga ou trabalho qualquer. Tudo isso não dura mais do que a alegria ao se sentir bêbado em um prazer repentino com qualquer outra distração, nada disso adianta mais do que esconder-se dentro de uma profissão, dentro de qualquer outro pensamento que o leve daquele lugar sujo e miserável.

Não é uma pessoa desconfigurada, fracassada, somos todos nós, de uma forma menos agressiva, mas igualmente egoísta. Que muda ao se apaixonar, e volta mais forte quando tudo dá errado. Assim como ele, temos nossos vícios, nossas fraquezas, nossa insistência em permanecer infelizes, em nos grudar em qualquer coisa que faça-nos esquecer do que realmente importa. E assim como ele, fracassamos em toda tentativa de mostrar que não precisamos de mais ninguém.

Só queremos ser menos miseráveis, menos dependentes de nossos sentimentos.
Somos, como House, filhos de um fracasso, tendendo ao suícidio, não físico, mas mental.

Sunday, May 15, 2011

Autocontrole

O que deveria fazer agora?
O que deveria sentir?
Todos meus sonhos pararam
e eu já não sei para onde ir.

Quais novos sonhos terei?
Quem será o nome da vez?
Tantas questões sem nenhuma resposta.
Quero e não quero, não sei.

E as novas fantasias acordado?
As novas vidas, os sonhos
cheios de receios e sentimentos.
Por onde irei arranjar mais algum?

E se não sei dizer o que sinto?
Se não sei mais mentir, mas eu minto?
Apenas sei que estou bem,
mas nem perto de ser feliz.

Overdose de perguntas, talvez.
Só sei que nenhuma delas responde
o porquê de eu saber quando,
mas não ter idéia do aonde.

E como saberia?
Desta vida de meus sonhos,
que em meus sonhos não está mais
e nem em meus pesadelos.
É a realidade, que não me faz querer voltar,
mas também não dá nenhum motivo para continuar.
Não sentir nada, não lembrar de nada.
Se animar por tudo, desanimar por tudo.
Cego, mudo, já não se permite ouvir nem falar
um de seus problemas, ou de qualquer outra pessoa.

Caminho em um labirinto sem fim
que faz parte dos meus melhores sonhos,
minhas melhores alucinações acordado.
Mas ando em círculos, como se estivesse perdido
dentro do meu próprio ser.

Sunday, April 10, 2011

Anestesia

Como os mares caminham dentre subita dor da agonia.
A alma sem vida, cruz e espada se demonstram,
se mostram como quem diz "hey, sinto falta disso".
É mais uma vez o sentimento que causa arritmia,
mas não é alguém, e sim "quem?",
sem uma única resposta, sem um único suspiro.
É apenas saudade de sentir o amor, não é amar.
É apenas saudade, medo de ficar só,
porém ficar só é a escolha própria.
Poderia estar caminhando de mãos dadas
com a areia do mar, com o céu chuvoso.
Escolheu-se dizer "não" a tudo isso,
por imenso mar calculista do receio
e por simplesmente não sentir em seu peito
que era aquela a hora, que era aquele seu anjo protetor.
O problema está dentro de si, não com outros corações.
Sente-se falta de sentir, mas não tem para onde ir.
A descrença é seu combustível,
quem lhe faz seguir em frente,
quem o impede de seguir em frente,
quem engana a saudade
e confunde sua mente.

Friday, March 25, 2011

Apnéia

Foi no samba que eu me perdi,
na batucada do meu prazer,
na dança qualquer sem malícia.
Foi lá que encontrei meu veneno
e ali o principio se jogou
em minh'alma que havia desaprendido a viver.
É o conceito do mal, do querer e do fazer.
Mas pra que? Mas pra que?
Apenas estou seguindo meus passos absurdos
sem me importar em conceitos,
em preceitos, em modos de uma sociedade.
Se estou aqui é pra viver.
Então deixe que me deixe.
Levo ao fim, danço e grito bem alto.
Porque estou sem vergonha e sem direito,
sem direção e sem preceito.
Quero mais é me afogar.

Saturday, March 05, 2011

Marca-Texto

Enquanto procurava anotações
em um papel amassado,
em uma alma forjada,
eu relembrava de tudo.
Olhe, tudo foi aqui,
passou e foi embora,
mas realmente existiu,
ainda que por instantes.

O passado é uma faca cega e sem pontas,
só se fere quem procura, quem almeja.
Assim como só queima a pele quem procura o fogo.
Viver é seguir no ritmo, seguir olhando para frente.
O que aconteceu já não importa mais,
o que viveu já não importa mais,
nada importa, nada.
Somente meus pés seguros ao chão
mostram-me o que está por vir.
E ah! Eu estou aqui.
Já não tenho medo, não tenho aquele frio na barriga,
sigo andando e agora sou eu quem escolhe
e serei eu que me decepcionarei, sozinho.
Ou me orgulharei de mim mesmo,
mas não me ligo mais a ninguém,
nenhum elo segura-me em uma corrente,
nenhum veneno de serpente.
Sou apenas eu, a luz e o papel
com o desenho que se forma.

Thursday, February 17, 2011

Essa é pessoal

Bem, eu parei de postar coisas pessoais e me dediquei apenas a textos de minha autoria, isso desde o meio do ano passado, mesmo que os textos parecessem desabafos, algumas vezes não passavam de idéias que surgiram e fui escrevendo, como uma máquina de escrever, as vezes até de olhos fechados. É interessante isso. Mas hoje decidi reservar esse post para algo mais pessoal, que eu realmente preciso desabafar.

Em meados de 2009 tudo era perfeito: Eu tinha vários amigos, conhecia novas pessoas constantemente, a escola estava perfeita, o tênis de mesa era todo dia e eu tive dois namoros, um relâmpago e outro nem tanto. Mas ainda assim eu me sentia bem quanto a tudo isso.

Foi aí que 2010 surgiu, e tudo desmoronou, não passei em nenhuma faculdade (passei na PUCCAMP, mas não é dificil muito menos cheio de méritos passar lá, porque apesar de ser uma boa faculdade, é paga e bem mais fácil de passar do que uma pública), terminei meu último namoro, me formei e não ia mais a escola, e passei a trabalhar em Campinas, estudar (cursinho) em Americana e morar em Santa Barbara d'Oeste. Tudo cansativo demais, chato demais e principalmente, solitário demais. O que me acompanhava era a música (e o sono) durante as viagens constantes de ônibus da rodoviária. Me matei no novo trabalho e tive alguns deslizes que possivelmente fizeram as pessoas de lá terem uma opinião equivocada sobre mim: que eu era um fraco, um idiota, um sem-futuro. E de fato, nessa época fui fraco, fiz inúmeras coisas de que me arrependo, coisas essas que não adianta eu citar por aqui, e também não as quero citar.

Fazia cursinho porque não queria desistir antes de tentar de fato, eu fiz cursinho por não querer ir para uma particular, por querer seguir um sonho que algumas pessoas haviam desviado, queriam destruir. Mas sinceramente não achava em hipótese alguma que eu passaria. Pelo menos eu tentava, e queria dar motivo de orgulho para alguém, visto que no vestibular do ano anterior eu tinha decepcionado várias pessoas, que criaram expectativas sobre mim, expectativas essas que nem eu tinha, que nem eu tenho.

Como primeira pessoa a agradecer eu já tenho nessa época que cito, em meados de Março até Junho, Lucas Benedetti, guardo esse nome porque dentre todas as pessoas que eu havia conhecido, nunca tive alguma que tenha sido mais amiga do que ele foi. Devo muito a ele.

Ah sim, claro,  fui em festas, fui em baladas, fiquei só por ficar...Tudo legal e bonito, se eu estivesse bem comigo mesmo. Não me arrependo dessa parte do que fiz, mas queria ter aproveitado mais, se viessem hoje provavelmente eu aproveitaria.

E aquela rotina me matava, trabalho/cursinho/casa sucessivamente até os finais de semana, quando eu me distraía, e passava a superar tudo, sozinho. E eu fui superando, cada vez mais.

E agora tenho a agradecer mais um grupo de pessoas, algumas que conheci do meio de 2010 para frente, algumas que eu já conhecia antes, e outras que conhecia só de vista: Amanda Benaglia, Murilo Januario, Vlademir Sciascio, Thomas Domingues (autor do blog, hehe) e Alex Soares. Algumas delas por risadas me ajudaram a superar, outras pelas palavras de conforto. Mas o fato é que meu 2010 se resume a vocês.

Fui no SWU, gritei e pulei como nunca antes, acabei com minha voz nos shows do Avenged e do Linkin Park, um show internacional fazia parte da minha lista de coisas para fazer antes de ficar velho e indisposto. Pois bem, fiz. Em 2010 aprendi também a simplesmente fazer o que eu quero, não esperar que façam por mim, que deixem eu fazer ou qualquer coisa do tipo. Aprendi a ser dono do meu próprio destino.

Dentre essas coisas eu troquei de emprego, fui trabalhar na cidade onde moro e parei de me cansar com a rotina entre três cidades, na verdade não perdi muita coisa, não era reconhecido na empresa onde trabalhei, e não culpo eles, porque eu causei uma má impressão no começo. No novo emprego agora eu era reconhecido, e bastante.

Fiz o ENEM, fiz a Unesp, fiz a Fuvest, fiz a Unicamp. Aquela quantidade gigantesca de vestibulares acabando com os finais de semana do mês de Novembro inteiro. Vi resultados, passei para a 2º fase da Unesp e da Fuvest, Unicamp mais uma vez me presenteou com o "não classificado" que não piscava de alegria nem nada. Mas dessa vez eu não tinha feito apenas 16 pontos e não passado para a 2º fase por mais de 20 pontos, dessa vez eu fiz 53 e não passei por apenas um, mas agora a chance de continuar no mesmo emprego era quase nula, ou a chance de ir pra faculdade era quase nula, visto que minha mãe não queria que eu saísse. Na verdade quando vi os resultados que passei para a fase seguinte, eu já me sentia feliz, eu realmente havia conseguido algo ali, não tinha passado ainda, mas tava lá meu nome em uma lista de classificados no vestibular, deu uma sensação boa.

Eis que fui fazer as segundas-fases. Unesp fui bem em humanas e mal em exatas, para um curso de exatas (Sistemas de Informação) e a Fuvest, bem...melhor não comentar. Abriu inscrições para o Sisu e no primeiro dia eu já estava lá, inscrito as 6 horas da manhã, em Ciências da Computação, na UFSCar, e xingando todo mundo que pedia o cancelamento do sistema porque não conseguia acessar, eu tentava entrar várias vezes durante o dia, e conseguia umas 7 ou 8, tanto que fiz inscrições para diversos amigos meus. Minhas notas nem eram tão boas para eu arriscar assim, mas eu resolvi mesmo assim tentar ir pra São Carlos. Cidade linda, universitária, e faculdade reconhecidíssima na minha área. Nada melhor.

Pois bem, aqui estou eu agora, escrevendo um texto gigantesco de como foram meus dois últimos anos. Escrevendo isso porque eu li, um mês atrás, um "Classificado" exatamente ao lado de onde estava escrito "Ciência da Computação - UFSCar Sede". E pulei, chorei, gritei e tive que aguentar mais um mês de angústia porque diversas coisas, das quais não preciso citar, me impediam de ir para lá. Mas hoje eu leio "Matriculado" ao invés desse "Classificado", e tenho a certeza de que eu posso sim, conquistar meus sonhos e ser feliz. Mesmo que os outros tentem impedir.

Friday, February 11, 2011

Merthiolate

Poderia filosofar...

Talvez a melhor decisão do ser humano seja não se apaixonar, porém nunca se trata de uma decisão de fato, o fato é que transforma-se mais difícil a quem impõe essa decisão, na verdade nenhuma pessoa que diga "não me apaixonarei" irá demorar mais do que quem procura nova paixão. O acaso embriagado é quem move as paixões, nada lúcido transforma amizade em paixão, nada sóbrio transforma dor em prazer.

Mas pode-se sempre enganar um bêbado, fingir ter o que não tem, fugir do ter o que não se quer. Fugir de si próprio, inventar um novo sentimento e o chamar de paixão, amor... Não se faz do espinho uma flor, nem da flor um vazio completo. O que é já foi e tinha realmente de ser. Seja mal ou bem querer.

Eis que então o sonho habita a alma do ser que se dizia impecável, protegido por uma cápsula branca de remédio, amante do tédio e da solidão. Não. Nem que se queira vive-se dessa maneira. A alma e a dor andam lado a lado, nem mesmo o mais belo que o dinheiro pode comprar livra-te da dor de sentir, de não querer sentir, de querer sentir mas não poder de fato sentir. E de ter que parar de sentir, nada dói mais do que isso, nenhuma cicatriz interna é tão profunda, é permanente. Nada se esquece, por fora há apenas uma projeção falha do que realmente se é um ser. Humano.

O mel da vida é se apaixonar, o fel também. A raiva,  a solidão, o amor, o ódio, o rancor, a mágoa, o prazer, o sonho correm juntos, em círculos, dançando conforme a valsa lhes manda. E a valsa manda como um chefe sóbrio e injusto, o prazer forma par com o rancor, o amor com a solidão, o sonho com a mágoa e o ser, bem, consigo mesmo. Nada é mais triste do que se esquecer do seu próprio caminho, se perder em suas próprias vias coletoras. Onde o sinal é sempre verde, mas os acidentes são constantes.

O bom seria não se apaixonar...
Mas, que graça tem a vida sem sofrimento?
O homem pensa... e introspectivamente fica calado.
Não tem uma resposta...

Monday, January 31, 2011

Muita fé e muita luta.

O que eu quero é gritar.
Quem eu quero descobrir?
Eu quero mais me divertir,
Quero meus sonhos perlumbrar,
Quero minha alma evoluir
E meus caminhos alcançar.

O que eu espero é o sucesso.
O que eu quis é a solidão.
O que eu quero é o amor
E nunca quero dizer não.
Da minha pele sai rancor
E meu coração a compaixão.

Pois bem, eu luto até morrer,
E nunca faço coitadismo.
Eu não paro de correr,
Não sou feito conformismo.
Pulo pontes e obstáculos,
Nunca caio em um abismo.

Não sou feito só de carne,
Muito pouco só de espírito.
Reconheço o meu charme,
Mas tampouco meu juízo.
Mesmo que a rima desmaie,
Fuja da métrica querida.
Tenho alma, tenho fome,
Tenho sede da minha vida.

Thursday, January 20, 2011

Queda livre

Eu sinto como se não houvesse amanhã.
Eu quero uma nova heresia, toda a alma curada, toda alma com vida.
Dedilhar nas vozes solitárias cobertas de um pano representando o medo.
E desse medo faço a vacina, dessa vacina me faço novamente.
Como quem não espera nada recomeço a pensar, a tentar e a me esquivar de meus problemas.
Sou reflexo apenas do que passei a ser.
Nada além do que eu posso dizer, em um simples poema escrito de olhos fechados.
Porque esses olhos representam a minha realidade, escura.
Mas essa poesia me representa como um todo, como um nada, como um só povo. Uma só estrada.
E, sob notas de uma melodia cativante, lembro que meus sonhos estão a um passo de mim.
Estou a 2 mil metros de altitude, mas não tenho asas pra voar.
Se o salto ao desejo não alcançar a altura necessária apenas caio em um abismo.
Mas não olho pro chão agora. Agora não...
Nada me faz ter medo, nada me faz querer desistir.
Ninguém vai me parar agora, ninguém muda o que penso agora.
Porque antes eu era apenas uma mente sem uma alma.
Hoje sou mais alma do que mente.
Mais sol, menos lua.
Eu sou hoje, o que procurava ser ontem.
E o que procuro melhorar amanhã.

Applesauceless Week

Lately the nights have an added sparkle, like you could, with your smile, just brighten a whole townhouse. Clean energy for everyone around ...