Friday, October 28, 2011

Definitivo

Pense em alguém.

Agora pense que essa pessoa goste de escrever, goste de ver como as palavras formam um desenho suave e bem feito quando dispostas de uma forma linear entre parágrafos, versos, estrofes e pontos finais. Essa pessoa se vê como um mero escritor de finais de semana, enquanto não tem metade da coragem que tem de escrever, para dizer. Uma pessoa que sente saudade de sentir saudade, sente amor por sentir amor, sente dor, mas não sente nada.

Essa pessoa escreve despretenciosamente em um papel um conjunto de palavras que a define: Insegurança, música, café, escrever e sonhos, muitos sonhos. Você riria dessa pessoa ao ela dizer rindo que espera escrever um livro com suas escritas. Você a vê como um mero ser humano sonhador que acredita em contos de fada, mas sente-se só ao saber que você costumava ser quem acreditava nesses contos, você costumava ser essa pessoa. O que sobrou ?

Você escreve um "tu" em um papel e espera que a segunda pessoa te faça escrever algo simbolicamente bonito. Enquanto isso essa pessoa juntava suas metáforas envolvendo sol, mar, alma, água e espinhos, esse conjunto de metáforas que você costumava usar quando escrevia sem pensar no que dizer. Não esqueceremos do final com uma frase de impacto, daquelas que, se ninguém lesse o texto todo, ao menos iriam se impressionar com a disposição do final da escrita. Era esse seu plano, impressionar a si mesmo.

Ela escreve sobre o amor, você não o consegue, não sente absolutamente nada do que possa ser parecido como amor e não vê nessa palavra o simbolismo da intensidade do que você já sentiu antes. "Amor, amor, amor...". O que pode-se dizer três vezes sem sentimento e sem titubear não deve ser levado a sério como um sentimento, a palavra simboliza o que não se pode mensurar, não se pode nem imaginar. Quem nunca sentiu.

Voltamos à pessoa, voltamos a você, pessoa, ser, homem feito de massa falida, que perdeu seu humanismo para ocupar-se de momentos fúteis que sempre condenou, que ainda condena. Entra aqui a metáfora de afogamento, do seu afogamento perante seus próprios princípios.

Talvez a pessoa seja você, no fundo, esperando para ocupar-se novamente do sentimento sem palavra definida. Enquanto isso espero sentado nessa pedra, no meio dessa grama envolta por essas árvores.

Você é um tigre, vá caçar sua verdadeira alma.

Saturday, October 15, 2011

Do outro lado da rua


Em minha alma, na sua estrada, suas cores, tua casa.
Sou eu dentre ilusões e falácias, vendo-te de longe.
Pensando apenas que tu não és como sou
e nem haveria de ser

Este sou eu, esperando-te de longe, espiando-te de longe.
Se te espero por amor ou por falta dele, não sei dizer,
mas enquanto te vejo dançar, me vejo dançar
e não costumo pensar muito em passos vazios.

Podes rir, podes caçoar-me por ser tão desconcertado,
porém na minha cidade as regras são minhas.
Não me importa qual tua sina, ou tua vontade,
serei o que sou, serei quem restou.
Apenas mais um a te querer, mas bem te quer.
Mal me quer, tu que sabes qual teu ofício,
sacrifício de agüentar o violão leve de fundo,
pois tu gostas do grave e do agudo, não do sereno.
Serei teu sereno, sujeito ameno a não esperar nada.

Vejo-te vindo em minha direção
como quem olha curiosa a um animal de estimação,
sem o interesse de adotá-lo.
Sou mais do que isso, meu amor, não mais tanto meu.
Violetas e rosas, da flor sem cheiro forte,
mas de inteira delicadeza.
És tu sereia, fonte de água que me espera em silêncio.
Quieto apenas penso o que seria a te ter.
Sou quem muito pensa e nada faz, querida.
Não espere uma só árvore caída a te impressionar.
Sou quem impressiona por apenas ser quem sou,
com defeitos, preconceitos, preceitos e lamentos.
Sou quem sente pouco e escreve muito sobre sentimentos.
Não espero mais nada da vida, nem o teu amor.
Deita-te do meu lado, que também estou confuso.
Esse é o insano, um imenso absurdo dentre livros de poesia.
Meus e teus querida. Meus e teus.

Friday, October 14, 2011

Iemanjá

Enquanto olhei ao mar, ali estava toda sua imensidão... Olhei e pensei o quão difícil seria à minha mente encaixar a idéia de suicídio dentre às águas, se algo de fato barraria esse instinto de andar calmamente em busca do horizonte que eu via sem se importar muito que ali seria o fim, e ali seria o fim. Enquanto isso surgiu uma flor jogada da água diretamente a mim, em um gesto que dissesse “Tal atitude não acabaria com esse seu vazio, apenas o instituiria a outra pessoa”. E a flor me fez sentir vivo por fora e morto por dentro. Não em um sentido que me faça dizer que estou depressivo a ponto de querer pular de uma ponte ou de fato atender a esse meu desejo instantâneo de me jogar ao mar sem saber nadar, mas um sentido que diz não haver um só motivo de vida, um só alicerce a que se segurar.

Caminhando entre a areia da praia me volto a pensar no que seguramente estou perdendo ao não me sentir em um só sentimento, é como se meu corpo e a parte lógica de minha mente controlassem a mim o tempo todo, apenas fazer tarefas normais, sem atribuir qualquer sentimento dentre elas, sem encontrar qualquer desespero ao chegar o momento de ter que chorar. Não me desespero, não mais.

Vi-me numa analogia porca ao vento, a imensidão do mar e a quantidade inesgotável de areia que possa cobrir meus pés. Enquanto pensei tanto em como dispersar esse sentimento (ou essa falta de sentimento) escolhi as letras erradas organizadas da maneira certa, escolhi em minha mente lógica palavras que pudessem ser sósias daquelas que instituíram uma vez alguns de meus sentimentos, palavras que pudessem um dia ter significado, mas hoje são apenas as palavras ali escritas e organizadas como se fossem apenas produtos em uma prateleira de supermercado.

E deitado na praia, hoje, apenas a música, como um manto cobertor, me aquece e me faz lembrar o que é sentir.

“Someone finds salvation in everyone, another only pain”.

Talvez eu procure a salvação em você, talvez procure apenas.

Thursday, October 06, 2011

Meu Anjo da Guarda

Eu preciso dizer;

Eu preciso chorar, me expressar, mostrar o quanto eu te amava.
Não acho justo as pessoas boas terem que ir embora, não acho justo eu ter que te dizer adeus. Então digo apenas tchau, porque enquanto eu existir você estará em minha memória, enquanto eu puder lembrarei de você sorrindo e do leite derramado de manhã porque você esqueceu de tirá-lo.

Lembrarei dos sorrisos, das alegrias, dos desabafos que te falei, dos conselhos que recebi, lembrarei de ti como uma segunda mãe, como uma companheira a qual eu fazia questão de falar a todos o quanto eu amava.

Você agora é anjo, está espalhando sua graça e sua alegria no paraíso. Você é anjo da guarda de todos nós, olhando por cima enquanto fazemos as mesmas besteiras que você insistia que eram erradas, mas a gente aprende, com você do lado, sempre.

Porque a existência sua não está taxada na sua presença carnal, mas na perpetuação tua em nossas almas, desde sempre.

Espero que você leia, esteja onde for, com todo meu amor.

Vai com Deus, vó, te amo, demais.

Saturday, October 01, 2011

Flamboyant

Ela dançava;

Olhava em sua volta o vazio daquela mansão, era dela, era tudo dela, toda a riqueza que sonhara.

Rodopiava dentre o imenso salão, falava alto, sozinha naquela imensidão a qual poderia agora chamar de lar. Foi à piscina, naquele calor não existiria algo melhor do que a água para se refrescar, sentiu um aperto no peito ao olhar em volta e não ver ninguém, mas logo passou, ao ver passáros pousando naquela árvore que não sabia o nome.

Nadou, nadou como se soubesse e depois como se fosse afogar, nadou ao fundo, nadou ao topo e, enfim, parou.

Dessa vez não foi aperto, foi pânico: Não havia ninguém a sua volta.

Refletiu que agora com aquela mansão encontraria novos amigos que quisessem compartilhar sua experiência e modos. Lembrou que odiava pessoas arrogantes e que todos os ricos que conheceu eram assim, calou-se a cantoria.

Agora era uma alma pobre em um corpo rico, a modéstia na forma pura dentro de uma casa do tamanho de dois quarteirões inteiros, se sentiu grande, depois sentiu-se pequena, ao recobrar seu tamanho saiu da piscina. O que faria com todo aquele dinheiro? Doar não ia adiantar, ela não queria se abster do dinheiro, mas dos prejuízos morais e sociais que ele traz. Não queria ser atriz, mas não queria ser vilã.

Pisou fortemente no gramado, ao lado da placa "não pise na grama", deitou no sofã de couro com os pés descalços sujos de terra. Ligou a TV: Assassinato. Morte. Enchente. Corrupção. Enchente. Morte. Ganho de loteria. Merchandising.

Desligou a TV, nada daquilo a fizera bem... Decidiu então respirar forte e esperar a angústia passar. Entrou na internet. Google, árvore com folhas vermelhas e alaranjadas. Flamboyant. Isso. Tinha sua própria árvore Flamboyant agora... Nome muito sofisticado, a alternativa foi o nome árvore-flamejante. Bem rústico.

Se sentiu mais pobre por um instante e dormiu no sofá sentindo-se bem com isso.

Acordou com toda a casa limpa e um cheiro de comida vindo da cozinha. Foi até lá:

- Olá Sra Vitória, sou sua cozinheira, fiz salmão ao molho de maracujá. Se quiser trocar posso lhe fazer filé mignon ao molho suíço que sua mãe gostava tanto. Uma pena morrer tão cedo né?

Precisaria agora de uma nova maneira de se sentir pobre, ou menos rica, mais modesta."Droga mãe! Não podia ser só um apartamento na praia ou algum dinheiro pra faculdade?".

Applesauceless Week

Lately the nights have an added sparkle, like you could, with your smile, just brighten a whole townhouse. Clean energy for everyone around ...