Enquanto espero que minha alma transborde a alegria que
deveria se expor, vejo, dentre almas amargas e céus cinzentos, que a matéria
condensada cheia de significados não apalpáveis que insistimos em chamar de
vida se trata apenas de motivação. Impulsos motivacionais que vão desde uma
conquista de um novo amor até a felicidade por uma avaliação bem feita na
faculdade se tratam de alguns dos impulsos sintéticos para um sorriso no canto
da boca.
Porém dentro dessa matéria condensada existem dois segmentos
os quais não se pode deixar de falar, pois são aqueles que tiram a análise
insensível da vida como um todo, que fazem um velho senhor Freud com o
argumento de que ‘tudo se resume a sexo’ se encolher no túmulo e pedir
aconchego de sua mãe. Existem de fato a alma e os sentimentos.
A alma trata-se apenas de um conjunto de teorias que um
determinado ser vai criando conforme o tempo passa, na alma temos toda a
essência de um único humano, desde os motivos que lhe fazem rir até os que lhe
fazem chorar. Nesse segmento podemos dizer que também se esconde cada pequeno
lado negativo que, juntos, formam uma nuvem gigante de lados negativos os quais
podemos chamar de defeitos. E um pequeno doce, de irreconhecível sabor a quem
lhe prova, atribuído como as qualidades.
Os sentimentos fazem parte de uma divisão de mesmo nível com
a alma, pois não se tratam apenas de anseios de um único ser, fazem parte de um
conjunto de ideias que se manifestam sem pedir consentimento e atribuem-se a si
mesmas a permissão de controlar outras partes do corpo de uma mesma pessoa.
Borboletas no estômago, tremedeiras no braço, olhares profundos... Todas essas
expressões são consequências do não controle sobre o conjunto de sentimentos.
Entretanto o humano espera por sentir, espera por amar,
espera por sorrir e acredita na mudança de hábitos, na dissipação de nuvens de
defeitos e a adição de confeites no doce-qualidade. Nada dito do começo desse
texto até aqui fora controlado pelo humano, mas a vontade que ele tem em ter-se
como uma metamorfose é do livre-arbítrio, se baseia na sua própria escolha de
vida a vontade da vida de alma e sentimento.
Por fim, desse meu próprio devaneio de teorias chego também
a conclusão de que sou um desses humanos escolhendo se deixar levar por uma
ventania, agora de proporções inimagináveis que, até Freud, chamaria de amor.