Monday, September 13, 2010

Deixa eu te contar uma história... (parte 2)

Sempre achei que encontros ocasionais nunca levariam a nada, poderiamos até achar a pessoa bonita, interessante coisa e tal, mas sempre uma das partes se interessaria menos ou mesmo não teria nenhum interesse. A vida não é fácil como nos filmes, onde o homem encontra sua mulher no supermercado enquanto compra refrigerantes, e já a convida pra sair...Isso não existe.

Mas existiu para mim naquele dia:

- Oi, você é meu vizinho ali do lado não é?
- Eu ahn...é, eu...sou sim...
- Prazer, meu nome é Alice, qual é o seu?
- Ricardo...
- Tudo bem Ricardo? Você parece meio pálido...
- Eu...ah sim, sim, estou bem, é que...
- Acho que entendi, fui muito direta né? Talvez você não esteja acostumado a puxarem papo assim com você...
- Não, não é isso...eu apenas estou um pouco cansado, talvez eu deva dormir. É, dormir, acho que é isso.
- Bom, tudo bem...eu vou colocar essas caixas dentro de minha nova casa, você me ajudaria depois a montar novamente os móveis? Tenho muitos móveis de madeira, herança de minha vó, são lindos...
- Está ok, eu ajudo sim...
- Ok, as 3 da tarde, tudo bem? É que preciso o mais rápido possivel...
- Combinado - sorri meio disfarçadamente, como se tivessem engolido meu riso antes que ele se mostrasse por inteiro - estarei lá. Quer dizer, aí...Preciso ir, até mais.
- Até.

"Até" . Seria tão simples uma despedida assim, claro, se não fosse o sorriso dela ao dizer isso. Foi lindo,  me encheu de um sentimento que há tempos eu não sentia, há muito tempo eu achava que não haveria mais de sentir...Andei em passos largos até minha casa, praticamente corri.Ela estava certa...Ela foi direta, eu não estava acostumado a fazerem isso comigo. Fiquei confuso e sem fala. Idiota que sou. Talvez não aconteçam cenas de filmes românticos para mim porque os galãs são sempre bem articulados, penteados e entusiasmados. Eu sou inseguro, tenho um cabelo que me odeia e olha só: Sou depressivo. É, não sou um galã de filme romântico. Nem chego perto disso.

Mas algo me dizia que ela não se importava, o sorriso pareceu tão sincero e cheio de significado, pareceu que ela queria mesmo me conhecer,  talvez sermos bons amigos tomando café a noite enquanto falamos de nossas vidas. Ou talvez mais do que isso, seria melhor não pensar. Não pense, não pense. Melhor dormir.

Acordei atrasado, para o que mais tarde identificaria como sendo uma espécie de encontro, estranho, mas um encontro. Toquei o interfone.

- Então, é...eu cheguei atrasado, desculpe, ainda precisa da minha ajuda?
- Claro, porque não? Pode entrar.

Dentro da casa dela tinha um  espaço gigantesco totalmente vazio, uma cama já montada em um dos cantos, onde parecia ser a sala (achei estranho, mas talvez ela tenha montado e fosse colocar depois no quarto, não sei), mais a frentre haviam milhares de caixas e alguns móveis de madeira desmontados. "Herança da vó dela", pensei. Me assustei ao ver algumas fotos dela com outro homem que aparentava ter a minha idade, torci fervorosamente para que fosse seu irmão ou coisa do tipo.

- Olá - quase me assustei ao ver ela saindo do banheiro de roupão, parecia estar envergonhada, logo não associei ela por coincidência aparecendo de roupão, como um convite para algo mais. - desculpe, vou me trocar, já volto...

Não respondi, ver ela quase desnuda me fez perder o pouco de voz que ainda me restava depois de uma semana gripado e gritando feito louco em meu trabalho. Algo naquela casa me chamou a atenção naquele instante (além da imagem dela de roupão em minha mente), uma coleção de livros de poesia.

Continua...

1 comment:

Menina Escritora said...

Interessante a história Crhis...faz a gente ficar com aquele sentimento de "quero mais"..rs
aguardo o próximo capitúlo.

bjos
M.E.

Applesauceless Week

Lately the nights have an added sparkle, like you could, with your smile, just brighten a whole townhouse. Clean energy for everyone around ...