Sunday, July 21, 2013

Corolário

Na exata perdi meu poder,
no fogo da ata do pensar,
na alma perdida no humanoriar.
Humano não sou, humano não mais.

Como fogo a mente põe-se a pensar.
Esquece presente e a cor do luar.
Eleva-se em tempo a frente de si.
Esquece daqui, esquece de rir.

Te digo, números quaisquer tem poder
de esquecer-te a mente de um poeta qualquer,
dos dedos jorrar equações e não mais poesia
e a alma que se tinha nunca mais se copia.

Eis que o tempo do relógio aponta outra hora.
Pseudo-humano de exatas aqui estou eu!
Procurando você, procurando a mim.
Não quero suas palavras vazias assim.

Por fim, me vejo de olho fechado
a pensar em tanto o que falar, em tanto.
Me ponho de olho aberto.
O exato em pranto.

O lado humano se põe a cantar
"Vamos dançar num cemitério de automóveis".
Vamos escrever uma nova canção, ou prosa.
Vista-se de humano e cante comigo.

"Colher as flores que nascerem no asfalto
Vamos todo mundo, tudo que se possa imaginar..."

Saturday, March 30, 2013

Viúva

Hoje o dia surgiu sem pretensão alguma.
Sem uma máscara de gás, sem agulha.
Simplesmente apareceu na manhã
e disse "já não caibo em ti".
Ti...tubeou, sem dizer em uma só cor
o que significava seu dizer,
apenas calou-se.

O bêbado, que ia a passos tortos,
viu o dia raiar e falar com ninguém,
mas sabia que olhos de vodka
não têm razão nem realidade
aos olhos do trabalhador.
Era uma quinta-feira.

Na feira da quinta fruta não tinha.
Na fruta da feira, quinta também.
O homem que vendia vagem calou-se,
a gritaria generalizada não o permitia ouvir,
mas viu, longe dali, seu filho gritar o nome do pai.
"Ninguém quer comprar 'pai' aqui", dizia o consumidor.

O consumidor comprou o que queria e saiu,
no meio da gritaria ignorou ou não ouviu
uma gestante pedindo socorro.
Ao sair com seu carro, sem nem repetir,
atropelou o bêbado e num poste bateu.
O sinal estava vermelho,
mas ele não bebeu, ele não bebeu.

Em um prédio a poucos metros dali
uma senhora assistia o sangue a jorrar
e entendia o que o dia quis dizer:
- Você já não pode me satisfazer.
Pegou seu casaco e saiu de casa.

Pôs-se em prantos quando viu o bêbado morrer.
Dizia-se mãe, amiga e mulher
e, enquanto ninguém entendia aquele choro inútil,
ela, heroína, segurava a mão de um cadáver
e evidenciando seu não parentesco
dizia "ninguém merece morrer sozinho".
O dia, no meio do caminho, agradeceu por ser salvo.

Monday, March 04, 2013

Culpa minha

Enquanto suas lágrimas caíam como flores perdendo pétalas lentamente eu engolia meu orgulho e mastigava minha culpa, como um chiclete, lentamente até que meus dentes começassem a doer. Minha angústia em te ver sonhadora em prantos transmutava-se em devaneio sobre quão amargo minhas ações poderiam ser. E eu perdi a guerra com o que eu poderia chamar da cisma em sempre estar certo.

Naquele momento todo sonho sob café de um futuro com o permanente aconchego de seus abraços estremeceu, toda pálpebra do olho se calou e o frio que senti quando toquei seus lábios pela primeira vez se fez presente novamente, mas de uma forma sombria. Senti medo. Senti medo. Senti que jogar meu corpo de um carro em movimento seria menos doloroso do que viria a seguir. Mas o que viria não veio. O que veio não pensei que viria, mas se encontrou com a graciosidade de cada som das palavras que saíam de seus lábios como uma música indie de uma banda que eu gostasse a ponto de ouvir todos os dias de minha vida.

Você chorou e disse que não queria me perder.
Você se entregou e me abraçou com as mãos de uma mãe aconchegando seu filho após uma bronca dada com o coração doído.
Você deixou escapar de seus lábios um 'eu te amo' e não o pediu de volta.

Meu mundo voltou ao lugar, era apenas uma discussão de casal, mas não aquelas simples em que se espera gritos e acusações sem sentido. Certa, você se culpou. Errado, lhe tirei a culpa e a joguei em minha cabeça como um raio, mas ele não me atingiu. Nada me atingiu naquele momento, pois eu sabia que as lágrimas que ainda saíam de seu rosto faziam, agora, contraste com o sorriso aparelhado maravilhoso que surgiu entre seus lábios quando lhe disse que jamais te largaria.

Não te larguei.
Não te merecia, mas não te larguei.
Mesmo culpado não sou capaz de te deixar ir embora.
Te amo demais e... Vejo você no espelho do meu futuro.
Quero-lhe esposa, quero-lhe mulher, quero-lhe menina.
Enxugo suas últimas lágrimas e te juro amor eterno,
porque meu espelho mostra-me de terno,
na sua frente, dizendo 'sim'.

Lembrando dessa noite como apenas mais uma memória de juras de amor.

Wednesday, January 09, 2013

Pássaros

Flor que se cheira, perfume não se esquece.
Mulher traiçoeira, que corpo não se merece.
Flecha certeira em papel sem valor.
O poeta da cor, o poeta do amor.

Poeta escreve com mãos já cansadas.
Menina padece, se diz apaixonada.
Poeta esquece
do livro, da cor, do poema incompleto.
Vive em poucas palavras o seu grande amor.

Ele voou.
Se enxergou, se reergueu, reencontrou...
E da menina fez sua rainha.
Botou-a em um pedestal e a venerou.
"Poeta não sou, poeta sou eu?
Se esse romance não foi eu quem escreveu?"

Foi Deus, foi Iemanjá, foram todos os santos,
da terra, do fogo, do mar e do ar.
Trouxeram em um manto menina princesa para cuidar.

Doou-lhe afeto, doou-lhe o espírito,
pediu sua alma em casamento.
Disse que não era rico, mas que iria ficar,
pois menina anjo, que chegou do céu como estrela cadente,
tem suas asas quebradas para cuidar.

O poeta, como em um sonho impossível de escrever em papel e caneta,
criou suas asas e voou com sua menina.
Nunca mais poesia, nunca mais versos incompletos,
poeta agora é servo e amante de um sonho real.

Friday, November 23, 2012

Provo-te

Eu te espero
enquanto você joga comigo,
porque eu te quero.
Se te chamo,
se te amo.
Corre, saudade!
Me dê a vontade
de ser, de ter.
Somos apenas eu
e você,
e você.
E eu
grito, espanto, canto
rimo, choro de desespero.
Fogo faceiro de amor,
balde d'água, rega, pega.
Esfrega minha cara no chão.
Sou teu sim, sou teu pão,
amassa-me e oferte ao diabo.
Teu escravo, te leio
entre as linhas do meu poema vazio.
Seu último suspiro, meu último suspiro.
Te quebro em cacos de vidro,
pego-te em minhas mãos e sangro.
Meu sangue é teu
e essa veia cortada em linha reta
é a prova do meu amor.

Sunday, August 05, 2012

Crucifica-o

Eis que perdi alma poesia,
desgrudei-me dos rancores,
procurei os meus prazeres,
encontrei novos amores.
Fui acima, fui abaixo,
fiz acaso do descaso.
Procurei e encontrei,
em teu abraço me apeguei.
Fiz cansaço, fiz rotina.
Procurei minha menina
e dela fiz estátua,
e ela fiz só minha.
Mas a rima se perdeu,
a poesia se acabou,
o assunto não se sabe
tem-se apenas afazeres.
Mesmo amor e sua família
de sentimentos prazerosos
não trouxeram aquele verso,
mas apenas retrocesso
da arte que se tinha,
da rima que se rima.
E o amor que ilumina
matou toda a poesia.

Wednesday, April 25, 2012

Síntese


Enquanto espero que minha alma transborde a alegria que deveria se expor, vejo, dentre almas amargas e céus cinzentos, que a matéria condensada cheia de significados não apalpáveis que insistimos em chamar de vida se trata apenas de motivação. Impulsos motivacionais que vão desde uma conquista de um novo amor até a felicidade por uma avaliação bem feita na faculdade se tratam de alguns dos impulsos sintéticos para um sorriso no canto da boca.

Porém dentro dessa matéria condensada existem dois segmentos os quais não se pode deixar de falar, pois são aqueles que tiram a análise insensível da vida como um todo, que fazem um velho senhor Freud com o argumento de que ‘tudo se resume a sexo’ se encolher no túmulo e pedir aconchego de sua mãe. Existem de fato a alma e os sentimentos.

A alma trata-se apenas de um conjunto de teorias que um determinado ser vai criando conforme o tempo passa, na alma temos toda a essência de um único humano, desde os motivos que lhe fazem rir até os que lhe fazem chorar. Nesse segmento podemos dizer que também se esconde cada pequeno lado negativo que, juntos, formam uma nuvem gigante de lados negativos os quais podemos chamar de defeitos. E um pequeno doce, de irreconhecível sabor a quem lhe prova, atribuído como as qualidades.

Os sentimentos fazem parte de uma divisão de mesmo nível com a alma, pois não se tratam apenas de anseios de um único ser, fazem parte de um conjunto de ideias que se manifestam sem pedir consentimento e atribuem-se a si mesmas a permissão de controlar outras partes do corpo de uma mesma pessoa. Borboletas no estômago, tremedeiras no braço, olhares profundos... Todas essas expressões são consequências do não controle sobre o conjunto de sentimentos.

Entretanto o humano espera por sentir, espera por amar, espera por sorrir e acredita na mudança de hábitos, na dissipação de nuvens de defeitos e a adição de confeites no doce-qualidade. Nada dito do começo desse texto até aqui fora controlado pelo humano, mas a vontade que ele tem em ter-se como uma metamorfose é do livre-arbítrio, se baseia na sua própria escolha de vida a vontade da vida de alma e sentimento.

Por fim, desse meu próprio devaneio de teorias chego também a conclusão de que sou um desses humanos escolhendo se deixar levar por uma ventania, agora de proporções inimagináveis que, até Freud, chamaria de amor.

Applesauceless Week

Lately the nights have an added sparkle, like you could, with your smile, just brighten a whole townhouse. Clean energy for everyone around ...