Friday, December 17, 2010

Caricatura

Tenho tantos receios
Mas honestamente? Não importa
o quanto eu pense, o quanto eu tente entender.
Sempre voltarei na roleta russa
e, em um suspiro de medo
torcerei para ainda não ser minha vez
de dizer adeus.
Sou agora mistura de esperança,
dor, lembranças e despedidas.
Uma folha jogada ao vento,
deixando-se levar para qualquer lugar.
Eu não sei o meu lugar,
provavelmente nunca saberei,
mas quero alçar vôos mais longos.
Um dia ir à praia ao som de 'Vento no Litoral'
e de tarde descansar, como diz na melodia melancólica
que me diz muito em tão pouco.
Sou um tanto poeta, porém poeta pecador da arte de escrever.
Não acho inspiração quando não sinto, e hoje eu não sinto.
Mas choro como criança ao ouvir essa melodia,
não entendo se sou pedra maciça insensível,
ou se apenas poeta buscando sua nova poesia.
Ainda que me procure no espelho, sei meus sonhos,
conheço meus planos como a palma de minha mão.
Apenas não sou aquele garoto, o rei dos tolos com seu trono.
Todavia ainda penso, nostálgico, como seria, como haveria de ser
todo o meu passado com esse novo reflexo que sou.
Não mudaria uma vírgula sequer, um ponto de exclamação,
pois, ao contrário do que diz toda uma multidão, eu aprendi com meus erros,
mas sei que vou novamente cometê-los.
Não dá pra calcular, não é?
As vezes só o instinto age, é assim em uma alma qualquer.
A minha, a sua ou a de quem vier.
Somente sei que hoje sou um pouco mais vida, mas menos amor e esperança.
Um pouco mais festa, mas menos dança.
E com o mesmo olhar perdido, olhando o nada,
esperando que se transforme em algo útil.

Costumo ser, não sei bem o que, apenas ser.

Friday, December 10, 2010

Fechem as cortinas

Enfim existo e nessa afirmação me perco.
Coexisto em minha mente
ou do sentimento em meu peito?

Palavras sábias, poéticas em uma lingua
que não sei falar.
Mas pra que entender agora?
Quem precisa de uma explicação
quando nem mesmo o raciocínio vale a pena?

Sou apenas ator, com o papel principal
de um filme cujo herói não morre no final.
Estou apenas fazendo cena,
mas eu sou o vilão.
Será que vou errar minha fala
quando tiver de dizer um 'eu te amo'?
O vilão merece essa fala também, não é?

É essa epifania, é essa rotina
que faz fim do meu próprio ser.
Mas eu errei o roteiro,
não houve diretor que aprovasse meu teste.
Nem mesmo sei me interpretar,
como interpretaria outra pessoa?

Apenas sei que existo, coexisto
sou um cisto parecendo cisco.
Apenas mais uma alma
precisando de alívio.

Fim da cena.
Aplausos e rosas.

Sunday, December 05, 2010

Areia

Eu vi na lua o que eu não via em mim, vi as flores perfeitas de um jardim. O reluzente do mar em uma cama de marfim. E por um pequeno instante senti que iria voar, só precisava de um pequeno empurrão.

Eu procurei por alguém e não encontrei, eu procurei você, estava lá, no mesmo lugar, mas agora os sentimentos não continuavam sendo os que em verbos eu soube dizer antes. Agora todos eram confusos, e eu te deixei ir embora, sem ver meu rosto.

Eu, sempre eu, procurando nas dores de palavras um sentimento confortante, mas dentro de mim agora não sinto dor, não me sinto mal. Alma apenas quer sentir que está viva, estou vivendo como nunca fiz antes.

Mas ainda procuro a poesia perfeita, uma mistura de romantismo e agonia, de otimismo e pessimismo, o ápice que um poeta possa atingir, com rimas pobres, ricas e sem rimas, com romantismo, simbolismo, barroco. Quero apenas sentir que não sou só mais um que escreve para desabafar.

Eu, o poeta, o sonhador, o realista, o pessimista, o perfeccionista e o inseguro. Sou apenas um ser motivado pela poesia que me move, a minha vida. Acordo apenas pela intensa vontade de ser feliz. Um dia.

Sei, estou ficando dia a dia mais velho, mais cansado, estressado e chato. Cada vez menos poético e romântico, e cada vez mais o adulto realista, que não vê a vida como uma grande brincadeira, como criança, como cada dança que fiz enquanto andava sozinho em meu quarto. Cada música que cantei enquanto ninguém poderia me ver.

Também sei que esse adulto em mim ainda procura a felicidade, seja ela em uma roda com poucos amigos, seja ela em um par romântico na madrugada, ou num pedido de casamento com aquela que seria a mulher de meus sonhos. Sonhador peco em ser, mas desse fruto proibido eu quero continuar a querer. Meus sonhos me dão vida.

Poeta, escritor, sujo, ríspido e certo de que ainda sofrerá muito na vida. Eu sou.
Mas hoje a praia está tão linda ao escurecer o dia, não está?
Acho que irei entrar no mar...
E me libertar.

Wednesday, December 01, 2010

Minuto de Silêncio

Consigo dizer no sábio de meus lábios
que já não provam do afago de uma boca amiga.
Consigo neles dizer o que dentre minhas veias corre?
Não se trata só de sangue, quero me fazer de desentendido
e procurar, dentre hemácias e glóbulos, uma ideologia qualquer,
um sentimento qualquer. Quero chegar e dizer-lhe que te quero,
mas de seus lábios só saem palavras confusas
que me dizem o contrário ou não do que sente.
Você é um enigma pra mim, um quebra-cabeça de sete mil peças
que não se encaixam de forma alguma, você é aquela incógnita
em uma equação matemática que eu não consegui resolver...
Pois então finjo que não ligo, finjo que não quero,
mas dentro de mim não sei fingir, algo conseguiu tocar
o que eu costumava chamar de coração.
Talvez não seja, mas talvez seja. Não sei dizer...
Entretanto, meu lábio te desejou por um instante
naquele diálogo despretencioso, sem motivo, sem sentido.
Controlei esse meu desejo, não me vejo no direito
de roubar o seu livre arbítrio agora.
Somos apenas amigos de mãos dadas, apenas confessores
de nossos pecados cometidos.
Todavia minha mente permanece no instante
em que meus lábios quiseram dizer por mim.

Monday, November 15, 2010

Nobody's Home

Ela estava perdida em si própria,
procurava alguma saída, algum cobertor,
mas nada havia nesse asfalto.
Onde estava sua família?
Seus amigos, sua vida?
Não sei dizer...
Pois ela também não sabe,
ninguém sabe onde se perdeu
o pouco de dignidade que ela teve.
Mas ninguém está em casa agora, querida.
Você é uma estrela só em uma grande avenida.
Descabelada, desalmada, sem ilusão alguma.
Apenas caminha rumo ao seus sonhos,
mas qual é seu sonho afinal?
Não tem nada, nem mesmo uma blusa de frio,
um ombro amigo ou um cachorro de rua.
Você é o cachorro de rua,
implorando por comida nas cidades obscuras,
vendo todos a olharem com desprezo,
nem mesmo algum beijo de boa noite,
um abraço, um copo d'água.
Mal sabe você que seu destino está traçado,
sem perspectiva de um novo pecado,
não há pecados nesse seu mundo, garota.
Mas não há prazer nenhum em pecar,
então menina simplesmente não peca
na esperança infantil que surja algum perdão
algum dia, de algum Deus,
qualquer um que não fosse dos ateus.
Pois somente a fé lhe movimenta agora
e lhe faz querer acordar.
Mas não há ninguém em casa, querida.
Nem mesmo teu próprio Deus.

She wants to go home, but nobody's home...

Tuesday, November 09, 2010

Passos largos.

Flores de um jardim qualquer
sorriem como se não houvesse amanhã
e o dia que hoje se põe
mostra-nos a sombra da verdadeira face.
Que se desgasta.
Que se enruga.
Talvez o tempo esteja passando
ou o poeta somente viajando,
porém é certo: Lamentar-se da vida
é desperdiçar a água que o oferecem.
Não sois dois sóis em uma noite escura,
sois lua em um dia claro,
escondida, esperando a tua vez de existir.
Lamentar-te de ser quem és
de ter quem tens como companhia
é desmerecer tua própria vida,
desejar tua própria morte.
Radicalismos e depressões são tão vulgares
merecedoras do troféu de fraqueza,
pois se tem a faca e o pão encima da mesa.
Mesmo que o corte saia mal feito
o alimento sacia a fome de quem vive por querer
e não de quem morre por deixar de viver.

"Se canta com força, com força a vida mantém essa chama que há em você, no peito contida."

Saturday, November 06, 2010

O Despertar

Eu acordo o mundo sem saber ao certo
O que o mundo trará, o que o sol dirá
Ao ver que o dia do mundo já se foi
Ou que o tempo mudou e a chuva se fez

Eu acordo, e acordo com o mundo
Eu vejo, eu rio, eu faço, eu mando, eu mato
Eu falo ao mundo o que ele não quer ouvir
E que venha o sol para calar meu chamado

Eu chamo o mundo de volta ao passado
Eu chamo o fantasma de volta ao morto
Eu faço do céu a estrela guia do amanhã
Eu faço de tudo para devolver sua consiência

Então, acorda Mundo, mudo, sujo ou infértil
Volta à vida que um dia lhe foi dada
Acorda para ver que o sol ainda existe
Acorda para ver que você ainda é forte
Que ainda resiste
Que ainda persiste

Acorda para sonhar de novo
Acorda para ver o que a vida trás
Acorda, sem medo, acorda
Eu te chamo de volta ao mundo

Monday, November 01, 2010

Eis a minha fé

Eu acredito no meu Deus, não nos seus.
Acredito na minha fé, não nas suas.
Não leio um livro que me diga o que fazer,
não leio histórias, finjo não saber.
Não entro em discussões, o melhor é se guardar,
porque eu sei, dentre as paredes do meu quarto
terei o meu Deus, e conversarei com ele
como alguém falando consigo mesmo.
Porque meu Deus, meus caros, está dentro de mim,
não em qualquer religião.

Saturday, October 30, 2010

Tempo Verbal

Será, que por um acaso qualquer de desencontros da multidão
uma luz, um raio, pedidos de música em um bar qualquer.
Posso botar-me de pé, cantar, dançar, ser quem realmente sou
e após me libertar dormir em paz, sem medo e sem culpa?
Ou todo esse peso ainda há de me seguir,não importa o que eu faça?
Pois meu ápice de felicidade deu-se num romance errante.
Um livro de páginas erradas, com marcadores incertos
dúvida cega, dor mais do que perfeita, como o tempo de meu passado
do qual nada sobrou, transformara a lágrima em rosto seco.
Sem dúvidas, não há caminhos no desespero, mas há a ilusão
de que tudo o que faço já não adianta mais, deitei no sofá.
Queria apenas gritar, soltar minha voz ao som de um piano
em uma música que me faça chorar. Mas não quero ser julgado
por minhas escolhas ou mesmo pelo meu passado condenado.
Que passou.

Thursday, October 21, 2010

Morte covarde

Cessar, fechar os olhos
e num único instante parar de respirar
Procurar em marcas e florestas
a corda no pescoço pra se pendurar
Será que temos esse direito?
De fazer acontecer, de simplesmente acabar.
Não, não acho que temos
ou tivemos, ou teremos.
Nosso esforço dentre uma corrida
rumo a essa luz foi tão grande
que não podemos apenas desperdiçar
a chance de ver, sentir e sonhar,
mesmo que nela o brilho se mostre enfraquecido.
E no pessimismo do poema
de um poeta que soube, mas não sabe mais,
eu vejo, você vê, a covardia chamada coragem
na alma de versos escritos a mão.
Pois todos lêem sem nenhuma entrelinha
que a vida ali não fazia mais sentido
ou não parecia fazer.
Vejo-me refletindo
sobre as palavras mórbidas que li nesse instante.
E, na epifania de um jovem sonhador e frustrado
balbucio as palavras de um velho novo ditado
Não bebo deste veneno,
a vida aqui ainda faz sentido
e quando não houver um, eu o crio.
Observando morcegos em uma noite sombria.

Saturday, October 16, 2010

Quase tudo, de um nada.

Olá, flores que já não vejo mais
me deêm uma lanterna
para que eu volte pra trás
e me encontre novamente.
Hey, luvas que já não me servem
diminuam os anseios de minhas mãos,
que agora procuram algo no que tocar.
Um rosto qualquer.

Porque o "psiu" agora
já não vem acompanhado
de um "eu te amo".
Porque o céu demora
para escurecer outro dia,
pois por milhões de anos
não era assim...

Espere dor!
Até você vai embora e me deixa aqui?
Por que não fica e espera um pouco mais?
Talvez eu precise de algo pra sentir.
Escute amor, a ligação já está caindo
e a muito tempo não te vejo sorrindo.
Por que houve você de ir tão longe assim?
Venha mais para perto de mim.

E no balanço da rede,
cabelo contra o vento,
relembrando velhos momentos.
O homem já cansado,
procura um cobertor
e um bom motivo pra sorrir.
Já que tudo não está mais aqui.

Hey vida, me ensine a viver,
pois não quero sofrer...
Mas quero sentir uma pontada que seja
sem precisar de um copo na mesa.
A palavra na última folha de um caderno qualquer,
"Te amo e te quero, pro que der e vier".
E mesmo que essa folha esteja suja e amassada
vou saber que parei de sentir quase nada.

ALICE

O timbre alheio das canções não cantadas
Um pircing,a tinta no cabelo
E uma vontade de mundo
Um cigarro num estacionamento qualquer
Aquele cara de olhos cinzas
a dor do primeiro beijo
Uma saudade sentida depois
versos amassados, tapetes manchados
Sonho bebido como tequila
desgastando a bota e a nausea
era linda, mas não sabia amar
Amava...mas não sabia dizer
só no susurro das palavras remendadas
descobriu-se mulher
Dona dos narizes e bocas
Rebelde com a faixa na testa
e a insegurança no olhar
Ah menina, se pudesse desvendar
tudo o que tinhas no liquido dos olhos
confesso, te amaria menos
mas meu ser de idéias se encheria
e ao chamar-te menina
diria deusa, tens gota de mulher
Mulher, tens gota de deusa.


M.E.

Friday, October 15, 2010

Dentes amarelados

O que é humano se esconde em máscaras
já não sabe viver com a simplicidade de um sorriso
o prazer de uma noite qualquer com poucos amigos
a perfeição, o ápice da vida
não está entre dinheiro, amor e sucesso
mas em risos sinceros, com pessoas sinceras
merecedoras de um ombro amigo quando precisarem chorar.
A vida não é perfeita e nunca será.

O que é divino divide-se em crenças diferentes
e há simplesmente quem não creia.
Esses, assim como não devem julgar, não devem ser julgados
Quem somos nós para definir o certo ou o errado?
Não somos mais, ou menos, apenas iguais.
A opinião é única, ninguém é dono da verdade,
por que não podemos simplesmente esquecer as nossas diferenças?

Por que levamos as discussões a sério?
Por que levamos a vida com uma expressão tão séria?
Deveríamos levar esse poema a sério?
Necessitamos mesmo de levar tudo a sério?
Sinceramente, esconda esse rosto sem expressão
e aprenda a sorrir mais.

Tuesday, October 12, 2010

Passou, até demais.

Dentre as facas cortando o meu ser
eu aguardo apenas o fim.
Não o meu, nem o seu
mas o fim da história na minha memória,
o fim dos pesadelos, daquela dor sentida
no coração, talvez.

Tudo passou, superei sozinho
todo aquele sofrimento
Mas ainda resta algo, que me faz parar,
que me faz sentir nojo de mim.

Não sobrou nenhum sentimento,
apenas a lembrança repentina
de algo que sinto falta.
Não é de você, não é de te ver.
É apenas de sentir tudo aquilo
que eu sentia antes.

Porque eu mesmo arranquei
com os dentes de quem antes sofria
todo aquele romantismo, todo aquele amor.
E agora não sei mais como sentí-lo,
nem por você, nem por ninguém.

Talvez eu tenha bebido a realidade
e meu coração já não pulsa como antes.
Talvez seja apenas uma fase
onde eu tenha que aprender a viver sozinho
sem nenhum sentimento a me acompanhar.

Thursday, October 07, 2010

Amor de Filho

Mãe, diz-me mais uma vez
Porque, mesmo sem perceber
Nunca ouvi o que devia saber
Então mãe,
Perca seu tempo comigo
Me conte palavras do mundo
Me ensina como viver
Mãe, agora o mundo está cruel
Há um vento frio levando tudo
Ventando tudo pra longe de mim
Mas mãe, você ainda está comigo
Eu sinto que não vou te perder
Mesmo que não faça parecer
Eu te amo, mãe, eu te amo.

Monday, October 04, 2010

O sorriso de quem perdeu

Soldados caídos na trincheira não mostram derrotas
mas uma luta dada com o sangue a jorrar
O vencedor nunca sai ileso, o perdedor incomoda
pois no rosto da vitória há um arranhão.
E o derrotado ainda está vivo.

Mostramos em um dia a luta de um povo inteiro
carente de ideais, carente de revolta.
Não vivemos mais os tempos difíceis,
nunca sabemos diferenciar o bem do mal.

Ideologia, assim como Cazuza
eu também quero uma pra viver...

O ruim sempre caminha com o bom
e o certo com o errado.
Pois hoje, fomos derrotados
mas saímos vitoriosos.


ps: to sem inspiração ultimamente, por isso ainda n escrevi a ultima parte da historia.

Thursday, September 16, 2010

Deixa eu te contar uma história... (parte 3)

"Fé, quem lhe acredita? Apenas um único Deus a quem se submete, uma lei de quem evita. O pecado em que a alma habita..."

- Gosta de poesia?
- Gosto sim, eu escrevo as vezes também... - é uma parte de minha vida que não contei aqui, escrevo poesias, a maioria eu não acho que ficaram interessantes e simplesmente jogo fora - ... mas não acho que eu escreva bem.
-  Pois eu acho que é um poeta e tanto! Mesmo sem olhar suas poesias, quem normalmente nega que tem talento o tem de sobra.
- Eu duvido, mas então você tem problemas com religião, não é? Esse poema aqui além de estar marcado com um adesivo de estrela, também lhe parece cair como uma luva, você tem esse ar de insegurança quanto ao que decidir.
- Não acredito em religiões, somente em Deus. Também não gosto de escolher, ou mesmo que me olhem diretamente nos olhos como quem cobra algo, talvez seja a tal insegurança que você disse.
- É sim, eu sei como é, sou assim.

Nada mais do que a realidade, insegurança é meu calcanhar de aquiles. Tê-la me atrapalhava em todas as decisões, em todos os sentidos. Em relacionamentos, em escolhas, em humor, na vida. É como se sentir inferior, mesmo que me dissessem o contrário. A garota estava ali para mudar esses meus conceitos, e eu nem sabia...

- Pois é, complicado ser dessa forma, não é?
- Sim... - procurei reparar seu corpo, ela estava linda, vestia um vestido vermelho como se fosse a rainha da Dinamarca, nada de maquiagem, o cabelo solto da mesma forma com que a vi pela primeira vez, mas agora com mais brilho. Nos cabelos e nos olhos, que agora oscilavam entre um azul claro (da cor do céu) e uma espécie de cinza azulado, como se fosse a lua em uma imagem ainda mais bonita. Parei de repará-la, pois já encontrava-se envergonhada ao perceber que lhe reparava. - desculpe, você é muito linda.
- Ah...eu não acho que eu seja, mas de qualquer forma obrigado. - As bochechas rosadas dela indicavam que, além de ficar envergonhada, ela teria gostado do elogio.
- Eu também não acredito em religiões,  nem no amor.
- Não entendo qual a relação entre os dois, por que não acreditar no amor? Mesmo que você tenha se decepcionado, o que acontece normalmente quando desacreditamos em algo, não há como negar a existência de um sentimento...
- Eu me decepcionei sim, não acredito naquele amor perfeito dos cinemas, e sim no sentimento puro. Sempre há uma pessoa que gosta mais do que a outra, não é uma troca igualitária. Nunca.
- Talvez eu pense da mesma forma, "Não há no amor algo perpétuo, mas há no perpétuo algo do amor. Mesmo que seja apenas uma flor qualquer em um jardim que já não floresce mais".
- Gostei, é de algum de seus livros?
- Não, eu mesmo que fiz. Também escrevo.
- Pois você sim tem talento, deveria escrever um livro!
- Não exagere - a garota deu um riso desconcertado - apenas escrevo para mim mesma, pra desabafar, sabe?
- Pois seus desabafos venderiam milhões!
- Gosto do seu jeito de querer elevar minha auto-estima, fazia tempo que alguém não me elogiava dessa forma.
- Eu apenas falei a verdade, não se desmereça, você merece mais do que viver nessa cidade vazia e sem vida.
- E você também merece mais do que isso - disse Alice, enquanto se aproximava cada vez mais de mim, de uma forma que eu não estava acostumado - você merece uma paixão, um horizonte de novos acontecimentos.

Ela se aproximou demais, eu não estava acostumado com uma mulher tão próxima assim de mim desde meu último relacionamento, que fora dois anos antes de conhecer Alice. O perfume dela tinha um quê de doce, de provocativo, e me convidava para me perder naqueles lábios que, sem maquiagem nenhuma, me chamavam para perto, a fim de encostá-los delicadamente e aproveitar o prazer da maciez que eles demonstravam. Beijá-la naquela hora seria perfeito! Mas eu não pude, parte por insegurança e medo de sofrer, parte por simplesmente não saber qual era a sua banda e filme favoritos.

- Seus móveis... - falei arfando, ela realmente tinha me provocado o suficiente para que eu sentisse uma certa falta de ar e os batimentos do coração acelerados. Quis me afastar, "se é para envolver-se novamente em outro relacionamento, que seja após conhecê-la bem", não me sentia seguro em beijá-la naquela hora. - precisamos montá-los, já está tarde e acho que você está cansada e deve querer ir dormir antes da meia-noite.
- Na verdade não estou com sono... - disse ela, com um certo ar de insatisfação e decepção. - Mas está certo, vamos montá-los.
- Desculpe...ainda não estou pronto para um novo relacionamento.
- Eu te entendo, mas acho que deveria estar, eu senti seu coração bater mais forte quando encostei minha mão em seu peito.
- Talvez, aos poucos, eu me acostume com essa idéia, por enquanto eu simplesmente não posso.
- Tudo bem, eu te espero. Vamos aos móveis! - agora um sorriso singelo e sincero ecoava em seu rosto, me senti acolhido com ele.

Foi assim que passamos dois meses, nessa amizade mais do que colorida, tomamos café juntos, fomos a shows, peças de teatro, parques...Tudo o que há tempos eu não vivia. Eu me sentia bem ao lado dela, estava aprendendo a amá-la.

- "12 de Julho de 2008, um Eclipse vermelho bate na rodovia 239 contra uma das grades de proteção da estrada, o carro caiu de um penhasco de 200 metros e explodiu. O motorista Rodrigo de Freitas, 25 anos morre na hora. A passageira Amanda Grughër foi levada ao hospital, mas morreu na ambulância. Peritos falam que o carro andava a 230km/h na hora da batida."
- Onde você pegou isso?!?!
- Ela parecia ser linda, você tem bom gosto. Procurei sobre você, queria saber um pouco mais, vi em algumas fotos essa Amanda, foi ela quem te decepcionou?
- Sim, foi.
- Você não me disse que tudo acabou porque ela morreu, desculpe...
- Mas não foi por isso, nós terminamos nesse dia, ela me trocou por esse tal Rodrigo...
- Você não liga que falem disso? Sei lá, parecia gostar bastante dela...
- Eu ligo, me arrependo por não poder dar o presente que comprei a ela...
- E o que era?
- Um anel de noivado, ela me deixou porque eu fui indeciso para decidir se nos casaríamos ou não. Na verdade eu esperei até aquele momento, quando eu fui falar ela me interrompeu com essa história de que tinha conhecido outra pessoa que a fazia mais feliz do que eu a fiz.
- Foi realmente um gesto admirável você se preparar para lhe dar o anel,  uma pena ter acontecido essa tragédia. As duas, ela te deixar e depois morrer num acidente de carro, é trágico, não sei como você superou isso...
- Não negue, você passou por algo parecido, perdeu seu marido há dois anos. Apenas não passou pela frustração de ser deixada para trás antes disso...
- Ele me traía, morreu assassinado pelo marido de uma das amantes dele, eu mesmo o mataria se tivesse a chance.
- Não fale assim, você não é uma asssassina.
- Não gosto de falar sobre isso, podemos mudar de assunto?
- Também não gosto.
- Desculpe...eu apenas quis saber um pouco mais sobre você.
- Você já sabe o que precisa saber - aproximei dela lentamente, eu queria sim beijá-la, não aguentava mais negar esse sentimento - ...eu te quero.

E aconteceu, o mundo pareceu explodir, o tempo parou e durou frações de segundo mesmo parado.Eu já não sentia meu coração bater, mas podia sentir o dela e o calor em seus lábios indicavam que ela, assim como eu, estava apaixonada por aquele momento, por nós. Por mim. Quem diria...
Nos deixamos levar, aquele dia tivemos nossa primeira noite de paixão, não somente de amizade. Dormimos juntos, acordamos juntos e tomamos café. Mas tudo dura pouco, minha teoria sobre relacionamento se perderem dentre obstáculos cada vez maiores só aumentou, a cada dia de minha vida eu penso se fiz a escolha certa e chego sempre a mesma conclusão. Não.

- Meu visto aqui em Londres está vencendo...vou precisar partir de volta ao Brasil.
- Ok, eu preparo a mala, iremos juntos...
- Não quero que você vá.
- Por que? Não entendo...
- Alice, você tem uma vida inteira feita aqui, ama a casa que tem, o ar que respira. Até mesmo as plantas que rega todos os dias, não posso privar você disso por um erro meu com a imigração.
- Mas eu quero partir com você, lembra dos conceitos que mudamos juntos? Tenho a necessidade de estar perto de ti...
- Você tem necessidade de si mesma, da sua vida. Não tente abandonar tudo só por um relacionamento.
- Mas... - nesse momento caiu uma lágrima de seus profundos e lindos olhos azuis, senti um aperto no coração como se tivessem me dado um tiro a queima roupa - ...eu te amo.
- Não faça as coisas ficarem mais difíceis do que já estão sendo, estou tentando ser forte.
- Diz que me ama.
- O que? Mas não adianta mais o que eu penso ou sinto, é irreversível essa situação..
- Apenas diga se me ama verdadeiramente! - ela gritou, como uma garota desesperada por terminar com seu primeiro namorado, nessa hora não me segurei mais. Uma lágrima saltou para fora de meus olhos, tive que me controlar para não saltar um rio delas.
- Eu te amo, como nunca amei alguém, eu te quero mais do que tudo na minha vida. Você mudou tudo o que eu pensei ser a minha verdade, você me fez sentir vivo novamente. Seu rosto estará para sempre na minha memória, e mesmo que um dia eu chegue a ter Alzheimer ou algo parecido, eu lutarei com todas as minhas forças para não esquecer desse seu rosto lindo, o qual eu me apaixonei todos os dias nesses 6 meses. Acredite, desde o dia que te vi passei a admirá-la. E por fim me apaixonei.

Ela me abraçou de uma forma aconchegante, materna e molhada pelas suas lágrimas que escorriam naquele rosto ainda sem maquiagem. Ela sabia que eu não gostava de maquiagem desde o começo, nunca precisei falar nada sobre isso.

- Você volta? - o olhar dela era como o de um gato pedindo carinhosamente ao dono um pouco de carinho. Eu queria voltar, aliás, eu não queria nem sair. Mas não podia ter certeza de mais nada...
- Sim, eu prometo.
- Promessas me dão medo, sempre me decepcionam com elas, porque nunca cumprem o que foi prometido.
- Eu voltarei, nem que seja para te buscar e fugir, mas não abro mão de ver esse seu rosto novamente, quero formar nossa familia em poesia.
- "Eu volto a lhe buscar meu amor, flor espere somente o brotar, você nasce a partir de hoje, e morre somente quando eu voltar. Comigo".
- "E enquanto me espera, vamos dançar com o vento, eu imagino te levar em rodopios de uma valsa, você imagina sentir o calor do salão e o suor de nosso perfume em uma só mistura".
- Eu te espero, mesmo que seja eternamente.
- Não vou demorar tanto tempo assim...tome esse bilhete, prometi a mim mesmo que te entregaria quando eu estivesse de partida.

"Volto na nossa terça-feira". Somente ela poderia entender esse recado, nos conhecemos em uma terça-feira, nos amamos em uma terça-feira, nos deixamos a sós em uma terça-feira. E está chegando a terça-feira do nosso reencontro. Preciso revê-la, não nos falamos desde aquele dia, agora enfim está chegando o fim da minha agonia de somente esperar. 

Continua

PS: Eu sei que está demorando pra terminar, é que me empolguei na história, falta apenas uma parte.

Monday, September 13, 2010

Deixa eu te contar uma história... (parte 2)

Sempre achei que encontros ocasionais nunca levariam a nada, poderiamos até achar a pessoa bonita, interessante coisa e tal, mas sempre uma das partes se interessaria menos ou mesmo não teria nenhum interesse. A vida não é fácil como nos filmes, onde o homem encontra sua mulher no supermercado enquanto compra refrigerantes, e já a convida pra sair...Isso não existe.

Mas existiu para mim naquele dia:

- Oi, você é meu vizinho ali do lado não é?
- Eu ahn...é, eu...sou sim...
- Prazer, meu nome é Alice, qual é o seu?
- Ricardo...
- Tudo bem Ricardo? Você parece meio pálido...
- Eu...ah sim, sim, estou bem, é que...
- Acho que entendi, fui muito direta né? Talvez você não esteja acostumado a puxarem papo assim com você...
- Não, não é isso...eu apenas estou um pouco cansado, talvez eu deva dormir. É, dormir, acho que é isso.
- Bom, tudo bem...eu vou colocar essas caixas dentro de minha nova casa, você me ajudaria depois a montar novamente os móveis? Tenho muitos móveis de madeira, herança de minha vó, são lindos...
- Está ok, eu ajudo sim...
- Ok, as 3 da tarde, tudo bem? É que preciso o mais rápido possivel...
- Combinado - sorri meio disfarçadamente, como se tivessem engolido meu riso antes que ele se mostrasse por inteiro - estarei lá. Quer dizer, aí...Preciso ir, até mais.
- Até.

"Até" . Seria tão simples uma despedida assim, claro, se não fosse o sorriso dela ao dizer isso. Foi lindo,  me encheu de um sentimento que há tempos eu não sentia, há muito tempo eu achava que não haveria mais de sentir...Andei em passos largos até minha casa, praticamente corri.Ela estava certa...Ela foi direta, eu não estava acostumado a fazerem isso comigo. Fiquei confuso e sem fala. Idiota que sou. Talvez não aconteçam cenas de filmes românticos para mim porque os galãs são sempre bem articulados, penteados e entusiasmados. Eu sou inseguro, tenho um cabelo que me odeia e olha só: Sou depressivo. É, não sou um galã de filme romântico. Nem chego perto disso.

Mas algo me dizia que ela não se importava, o sorriso pareceu tão sincero e cheio de significado, pareceu que ela queria mesmo me conhecer,  talvez sermos bons amigos tomando café a noite enquanto falamos de nossas vidas. Ou talvez mais do que isso, seria melhor não pensar. Não pense, não pense. Melhor dormir.

Acordei atrasado, para o que mais tarde identificaria como sendo uma espécie de encontro, estranho, mas um encontro. Toquei o interfone.

- Então, é...eu cheguei atrasado, desculpe, ainda precisa da minha ajuda?
- Claro, porque não? Pode entrar.

Dentro da casa dela tinha um  espaço gigantesco totalmente vazio, uma cama já montada em um dos cantos, onde parecia ser a sala (achei estranho, mas talvez ela tenha montado e fosse colocar depois no quarto, não sei), mais a frentre haviam milhares de caixas e alguns móveis de madeira desmontados. "Herança da vó dela", pensei. Me assustei ao ver algumas fotos dela com outro homem que aparentava ter a minha idade, torci fervorosamente para que fosse seu irmão ou coisa do tipo.

- Olá - quase me assustei ao ver ela saindo do banheiro de roupão, parecia estar envergonhada, logo não associei ela por coincidência aparecendo de roupão, como um convite para algo mais. - desculpe, vou me trocar, já volto...

Não respondi, ver ela quase desnuda me fez perder o pouco de voz que ainda me restava depois de uma semana gripado e gritando feito louco em meu trabalho. Algo naquela casa me chamou a atenção naquele instante (além da imagem dela de roupão em minha mente), uma coleção de livros de poesia.

Continua...

Tuesday, September 07, 2010

Deixa eu te contar uma história... (parte 1)

Dizem, seguindo pelas estradas escuras do limite da alma, que a felicidade o encontra e lhe dá carona. Eu mesmo nunca vi, espero ser verdade. Mas já que tanto faz como fez, não importa o que sonho agora, se meus sonhos são os vazios mais cheios de significados que já vi.

Só tento me lembrar daquela terça-feira...

Um dia qualquer pensa você, hum...me diga, o que há de saber do que tem por dentro de si? Enfim, não fora qualquer terça-feira, era o dia em que começava meu fim. Bela estrofe poética para uma música, não acha? Pois bem, meu fim começa ao entardecer daquela terça-feira. As manhãs particularmente não me atraem. Idéias de que a vida dura mais caso hajam 24 horas por dia são as mais puras ilusões, que tenhamos apenas dezesseis! O intervalo das quatro da manhã ao meio dia é oco e sem significado. Claro, tiremos também a necessidade de dormir, já que é tão frustrante sonhar coisas belas e acordar na sua realidade fria. Mas como dizia, naquela terça-feira conheci uma bela moça, não digo-lhes bela como uma deusa perfeita e cintilante, mas bela no sentido mais puro da palavra. A beleza dela me fazia bem.

Cabelos longos até a cintura, da cor de café recém feito na manhã (ah, essa manhã que me segue!). Eram também dispostos de uma forma que, até mesmo se tentassem o bagunçar em uma brincadeira qualquer, bastava uma passada de mão dentre eles para que estivessem novamente dispostos da forma que os vi.

Seu rosto formava uma espécie de morango, com sua forma igual e algumas pequenas sardas na bochecha, sua aparência era de uma garota tímida, quieta, e, consequentemente, simpática. Do corpo não me lembro muito bem como era da primeira vez que a vi, prefiro reparar nas feições do rosto. Vale muito mais um rosto belo do que um corpo perfeito. Mas o que mais me chamou a atenção foram seus olhos, azuis da cor do céu daquele dia, encaixavam-se como um desenho perfeito em seu rosto. Contudo eram profundos e tristes, indicando que um dia ela já sofreu por alguém. Não sei quem, até hoje.

Eu a vi enquanto caminhava de volta para minha casa, estava de mudança, “indo embora ou chegando?”. Chegando, para minha alegria naquele dia monótono, apenas pensei “estou tão cansado e distante hoje, amanhã procuro o que dizer, talvez...não sei”. É, eu não sabia. E talvez não queria realmente saber, estava sem disposição para novos desafios, venenos, duelos, guerras...Enfim, todos esses sinônimos para relacionamentos.

Continua...

Friday, September 03, 2010

SÓ...

Solidão é uma palavra ingrata
Egoísta por si só
Que só no seu dizer
Preenche todo o vazio.
Solidão é a composição
Do que se esqueceu
Do que não se tem, perdeu
Partiu com o tempo.
Solidão é o só mais o vão
É a dor aguda na apêndice da alma
É a lágrima que escorre e seca na face
Sem outras que a acompanhe
Sem mão que a cale.
Solidão é perversidade
É dor própria, auto pena
Dos olhos que vagam ao redor
E morrem no relógio parado
Solidão é estima penada
Esperança embutida
Verdade explícita
No que o coração sente
É um verso, uma junção de palavras
Que se perde no oco do solitário


M.E.

Thursday, September 02, 2010

Acorde

Soltem os animais feroses, indefesos contra mim
inspiração busco da revolta deste mundo
que não enxerga, surdo e mudo
a profundidade do absurdo.

Enfim,  é deste absurdo que se vê
crianças buscando o pão do padre
e este dando-as o que a adolescencia lhes daria
falando apenas 'este é o corpo e a vontade de Deus'
'pois maldito os ateus, a igreja é santa'.

Como da caixa colorida cheia de fantasias
se espera a realidade esquecida, os problemas não vemos.
e mesmo que ainda haja a realidade ali presente
o parcialismo caminha junto, indica em quem acreditar.
Em quem votar. A quem matar. Crucificar.

Não veêm que a realidade é de quem procura.
E se hoje você reclama da vida,
a culpa é toda sua.

Wednesday, September 01, 2010

Horário Eleitoral

As asas da morte se fazem brasas vivas
a carne podre daqueles que não morreram
o risco claro de uma sociedade escura
a liberdade mascarada e comemorada.

Mas é claro, todos já aplaudiram isso
milhões de vezes, e gritaram
pensando que haviam ideais a seguir
e um progresso que estaria por vir.

O pobre sujo de lama, do suor
gritando rouco com suas ultimas forças
sob a esperança de que tudo mudará
que o arroz de hoje será o caviar
de amanhã.

Mal sabiam eles que a esperança é arma
na mão dos que detém o poder.
E que aquela caixa é farsa
feita apenas para entreter.
E manipular.

Monday, August 30, 2010

Devoção Ingloriosa

Sorria mais uma noite de louvor
À adoração de um medo incerto
À revelação de uma mente insana
Ao pecado de um mundo inteiro

Sorria maravilhas e vertigens e loucuras
E conheça a verdade de cada verdade
Mentiras sob vertentes escarlates ou neon
Cuspidas como vermes de um povo insano

Eles estão surdos e não querem mais ver
Não vêem que a mentira não convence
Matam, sofrem, dão graças ao quarto Deus

Eles estão mudos, não enxergam mais nada
Não respondem por seus atos, loucos
Morrerão a sofrer pela dor que não viram

Sunday, August 29, 2010

Prisão de rimas

Nasce, e como nasce...A vida, a alma.
Já que temos de esperar a morte
que podemos enfim, aproveitar
beber água da fonte, ser mais
mais do que apenas um.

Já que temos de morrer um dia
que possamos viver da alegria
que vivamos um dia de  cada vez
e saber que é o nosso carpe diem.

Já que sofrer é mal inevitável
que não tenhamos medo de tentar
o ser humano em si já é errado
não vamos fazer de cada escolha
um novo pecado.

E que o amor possa nascer
já que um dia ele vai ter que morrer
Os finais para sempre não existem
mas fazemos o começo e não o fim
lutamos o máximo para a chama
que lá está (e lá está)
continuar...

E que o poeta não pare de escrever.
E que a garota não fique sem amar.
Que a rima não seja só uma prisão
a ter que se libertar.

Saturday, August 28, 2010

Anagrama da Morte

O medo é sinônimo do anagrama da morte
Teme a vida, o silencio, o pesadelo mudo
Sente na pele d’alma, da vida sente o corte
Mente a si mesmo, faz-se de poeta surdo

O medo teme a vida, depende do terror
Teme o sol, o frio, o vento, o medo seco
Não vem à vida a ver a vertigem do temor
O vento grita a vida, o medo teme seu eco

O pensamento do medo despe o sorrir
Suja, sua pele encara sentido para mentir
Não diz temer a morte ou a própria vida

Não teme a morte, não, odeia o sentir
Fica a tocar ser medo, nunca a partir
Anagrama da morte, tormenta, partida

Friday, August 27, 2010

Banho de chuva

Chove, lave  a alma do cansaço habitual
molhe o rosto de grande desespero
renove os sonhos, o saber.
Hasteie enfim a bandeira da vitória.

Se a vida fosse doce, não existiria o sal.
E essa frase não é original.
Apenas retrato do que se faz querer
e acreditar no raio final da glória.

Lavam as mãos sujas de terra, sujas de mal,
brincam como crianças dentre a água.
Querem apenas de dias como esse viver
e das lembranças boas que restam na memória.

Thursday, August 26, 2010

A Praia

Veio com o sol molhar
O farol como um olhar
O rouxinol a cantar
Mais uma lua

Veio andando devagar
Cantando como canta o mar
Vagando no estrelar
De um desejo

E o sol gritou seu olhar
Venha, comigo realizar
Nosso sonho, a verdade
Libertar
E te amar.

"Para D.V.M."

Monday, August 23, 2010

Messias

Cruzes formam o desenho pálido do desejo rispido
de ter quem longiquamente está, e vai, e já
não se sabe, não se soube bem ao certo o que dizer.
Eles só querem se entreter. Em ruas vazias.
São as feras da noite.
   
Caminhadas já não mostram o que deviam mostrar
apenas cansam, esgotam, absorvem a energia
do ser extasiado cheio de sonhos e morte.
Vida e sorte.
   
Secretamente derramado nas páginas de um livro.
Essas páginas, desse livro!
   
E a alma apenas caminha, cansada.
Esperando a salvação tão prometida.

Sunday, August 22, 2010

Mentiras

Quem disse que podemos viver para sempre
Quando pudermos voar sobre nosso tempo
Falar a verdade sem sentir a dor do momento
Quem disse que deixaríamos de ser cruéis

Quem diz a verdade não sabe esconder o som
O cheiro, o gosto, da lágrima que cai da dor alheia
Quem diz que não podemos apenas vender
A alegria triste de quem não sabe mais esquecer

Quem diz uma nota de verdade em pobres ouvidos
Toca uma nota de angústia, de saudade, de maldade
Faz a tempestade chegar nesses pobres olhos

Quem disse que poderíamos viver para sempre
Sem nunca mais sentir a dor do tempo, da verdade
Que mora em cada um de nós, ávida por matar

O segredo de voar

O Guia do Mochileiro das Galáxias diz o seguinte sobre voar:

Há toda uma arte, ele diz, ou melhor, um jeitinho para voar. O jeitinho consiste em aprender como se jogar no chão e errar. Encontre um belo dia, ele sugere, e experimente.


A primeira parte é fácil. Ela requer apenas a habilidade de se jogar para a frente, com todo seu peso, e o desprendimento para não se preocupar com o fato de que vai doer. Ou melhor, vai doer se você deixar de errar o chão. Muitas pessoas deixam de errar o chão e, se estiverem praticando da forma correta, o mais provável é que vão deixar de errar com muita força. 

Claramente é o segundo ponto, que diz respeito a errar, que representa a maior dificuldade. Um dos problemas é que você precisa errar o chão acidentalmente. Não adianta tentar errar o chão de forma deliberada, porque você não irá conseguir. É preciso que sua atenção seja subitamente desviada por outra coisa quando você está a meio caminho, de forma que você não pense mais a respeito de estar caindo, ou a respeito do chão, ou sobre o quanto isso tudo irá doer se você deixar de errar. É reconhecidamente difícil remover sua atenção dessas três coisas durante a fração de segundo que você tem à sua disposição. O que explica porque muitas pessoas fracassam, bem como a eventual desilusão com esse esporte divertido e espetacular.

Contudo, se você tiver a sorte de ficar completamente distraído no momento crucial por, digamos, lindas pernas (tentáculos, pseudópodos, de acordo com o filo e/ou inclinação pessoal) ou por uma bomba explodindo por perto, ou por notar subitamente uma espécie muito rara de besouro subindo num galho próximo, então, em sua perplexidade, você irá errar o chão completamente e ficará flutuando a poucos centímetros dele, de uma forma que irá parecer ligeiramente tola. Esse é o momento para uma sublime e delicada concentração. Não ouça nada que possam dizer nesse momentos porque dificilmente seria algo útil. Provavelmente dirão algo como: "Meu Deus, você não pode estar voando!" É de vital importância que você não acredite nisso: do contrário, subitamente estará certo. 

Flutue cada vez mais alto. Tente alguns mergulhos, bem devagar no início, depois deixe-se levar para cima das árvores, sempre respirando pausadamente. NÃO ACENE PARA NINGUÉM. Quando você já tiver repetido isso algumas vezes, perceberá que o momento da distração logo se torna cada vez mais fácil de atingir. Você pode, então, aprender diversas coisas sobre como controlar seu vôo, sua velocidade, como manobrar, etc.

O truque está sempre em não pensar muito a fundo naquilo que você quer fazer. Apenas deixe que aconteça, como se fosse algo perfeitamente natural. Você também irá aprender como pousar suavemente, coisa com a qual, com quase toda certeza, você irá se atrapalhar - e se atrapalhar feio - em sua primeira tentativa.

Douglas Adams - A vida, o Universo e Tudo mais

 
ps: não resisti, é um trecho do meu livro preferido.

Wednesday, August 18, 2010

Palavras caladas

Eu quero falar.
Mas em momentos não consigo, algo me cala, eu me calo e me faço de idiota. Todos acreditam.
Só eu sei o que se passa em minha mente, só eu. as vezes eu simplesmente não estou prestando atenção no que falam, as vezes eu simplesmente prefiro não opinar sobre o que falam.  Política, religião e clichês são assuntos que não me interessam.
Apenas fico quieto, gosto muito de conversar e rir, mas fico parado, sozinho, ouvindo música e não olhando para nenhum dos dois lados.
Tem dias que até eu acredito que sou idiota, que estou deixando de viver tanto, que estou me deixando levar por um caminho que eu não quero seguir. Talvez eu queira construir novamente a minha vida, a partir de um novo lugar, novos amigos, novos medos, desesperos, sentimentos. Nova alma.
A questão é que não estou conseguindo ser eu mesmo, em algumas situações. É saber o que quer dizer, o que quer fazer e acabar por acontecer exatamente o contrário.
Não sou covarde, triste, tímido, quieto e muito menos realista, mas estou interpretando esses papéis no teatro perigoso de minha vida, ao invés de seguir as notas do piano que sonhei.
Estou dizendo baixo o que quero que todos ouçam, falando apenas em pensamentos os sentimentos que queria dizer para quem os pertence.
Nem triste ou feliz, nem cedo ou tarde, nem romântico ou realista, nem eu ou outra pessoa qualquer.
Confundo-me em meus próprios textos, me desgasto em uma guerra de bem e mal, certo e errado, otimista e pessimista, tudo em minha própria mente.
Não se importe caso eu não ouça o que diga, atualmente prefiro viajar a ter que interpretar.
Mas eu quero falar...
E não consigo.


 

Monday, August 16, 2010

Rabisco involuntário

Hoje eu penso, com experiência de quem sofreu:
Quem não já amou alguém na vida, não viveu.
Eu digo, eu vivi.
Mesmo que tenha doído após o fim,
mesmo que tenha chorado, apunhalado...
não me arrependo, não.
Pois enquanto estive vivo apaixonado
vivi experiências, convivi com o meu amor.
Ou quem eu achei que fosse a minha outra alma.
Parei de pensar em mim e me importei com outro alguém.
Ela sabe quem...
E eu lhe digo, garota, sem nenhum meio-termo...
Talvez até sem emoção ou sentimento,
que a partir do momento que você entrou em minha vida
gravou também seu nome nas linhas de minha história.

Friday, August 13, 2010

Embriaguez

Vem, sacia minha sede de ficar louco
desça arranhando dentre minha garganta
que pede por sentir o amargo de teu gosto.
Embriaga me nessa noite, faça-me vomitar meus horrores
a minha ânsia de jogar fora tudo o que tenho dentro de mim.
Falsa sensação de que minha culpa, meus defeitos
foram jogadas para longe junto de tudo o que comi.
Perdi o discernimento do que é certo e o que é errado
sou dono do meu mundo agora, perdi também a culpa
a dor, as lembranças do passado,
graças ao gosto do pecado. E eu peco
em saber, mesmo louco, que amanhã retorno
ao universo da realidade, saio da insanidade.
Mas hoje eu vôo, giro, invento novos passos
na dança desse êxtase, como um orgasmo solitário.
Eu te bebi, eu te bebi, eu...bebi, o que era mesmo?
Não lembrarei nada de hoje, fora a dor de cabeça,
mas saberei com certeza, que a dor sumiu
na embriaguez dessa noite, no teu gosto amargo,
o fel de meu prazer.

Tuesday, August 10, 2010

Bipolar

A manhã nasce belamente sem sol
com cachorros alegremente matando seus donos
e a vida suspirando com asma as dores felizes do sofrer.
O mundo é tão vasto e tão pequeno
que já não se sabe se é a hora de sorrir ou de chorar.
Mas de qualquer forma pouco importa o que virá,
triste saber que amanhã irá ser importante, sim.
"Viva sendo você mesmo ô menino, e seja feliz com isso".
Acreditar, não acreditar, acreditar, não acreditar...
Vamos sair por aí pra farrear? Prefiro ficar em casa e estudar.
Quero mesmo é aproveitar enquanto posso.
Pena que já não posso mais.
Idéias de um mesmo alguém,
inconstante, berrante, gritante, abundante, errante.
O choro soluçante durante toda a noite, acordando os pais.
A gritaria de alegria durante toda manhã, acordando a si mesmo.
Sol, chuva, brilho da lua, lua nova desaparecida.
Sangue AB, B e sangue A...positivo e negativo.
A partir de hoje tudo vai mudar.
Mudar? Besteira, nada há de dar certo.
Incerto, correto, cego a si mesmo.
Se eu caminhar não posso correr? E se correr?
Porém se eu chegar a cair e começar a sangrar?
Melhor ficar parado, quieto, estátua
com essa mente bipolar.

Tuesday, August 03, 2010

Ressaca

Aquela noite, aquele dia...vejo-te de longe
bebendo, sorrindo, te procuro com o olhar.
Você me olha, sorri o singelo, o sincero.
Já não me resta nada nessa noite a não ser você.
Me aproximo como quem não quer nada
você faz o descaso em seu olhar
como quem não quer se envolver,
mas eu sei dizer o porquê...
Seus olhos negros tem medo de chorar,
você tem receio de se entregar.
Não importa, por hoje...Não...
Somos só nós dois no meio da multidão
e o blues que está a tocar.
O teu olhar...O teu olhar...
Beijo alcoolizado, a insanidade em teu lábio.
Amanhã não lembrarei nada desse romance,
desse romance de uma noite só.
Mas hoje me entrego e não espero nada de ti.
Nada além do prazer de teu volúpio corpo,
do prazer de tua língua, desse fogo a arder.
E o choque acontece, você me diz 'eu te amo'.
Como posso? Como pode?
Mas agora é tarde demais...
Você já me ama, e eu já me entreguei por inteiro.
Nessa noite, nesse meio.
Amanhã vou te magoar.

Saturday, July 31, 2010

3º pessoa

Hey, você garota..sim, você mesma aí sentada olhando pra cima sem razão e sem proporção. Qual o seu nome?

Ah, eu? Bem...me esqueça, já falei tanto de mim, falemos de você, quais são seus medos, seus receios? Tudo aqui é irreal, meu bem, nada é de verdade. Nem eu sou, só uma ilusão aqui na sua frente, que parece gente...parece ser tanto, mas não é.

Sabe...olhando assim as estrelas descubro porque a lua brilha em ti, mas me diga...você sabe o que vim fazer aqui? Não se acanhe, vem pra cá perto de mim...eu não mordo, nem lato, nem lata...As palavras formam um jogo engraçado não é? Eu fico rindo das combinações, alterações, replicações...fico rindo desse seu riso acanhado. Viu, se sente melhor agora? Que bom.

Dentre tantas palavras que eu já disse, você não disse nada...pare, não fique assim alienada do mundo ao seu redor...fale, grite, esperneie e vá as compras. Quanto mais você anda mais você se cansa, mas ficar parado também não ajuda, não é? Então fique de pé e me dê tua mão, te convido a navegar por aí comigo. Leve sua bolsa, leve sua roupa, leve seu caderno. Leve seu espelho para assustar-se com seu reflexo cansado, amargo, azedo...Uma pena moça tão bela, rosto de cinderela, viver em um mundo tão sujo. Mas estamos aqui, e o caminho nos convida como quem manda-nos partir. Está pronta, meu bem? Tome, beba água, beba fogo, beba vinho, beba vida...a estrada é longa e já estamos de partida.

A tormenta só está por chegar, os olhos vão se matando pouco a pouco, cegando o que você não pode ver, nem eu. Mas o engraçado é lutar cego contra um exército inteiro, tendo apenas um escudo e uma faca. This is sparta! Espartanos espertos que somos, nos jogos e na guerra de palavras e advérbios. Amar agora é somente mais um desses verbos cruéis, ásperos e vingativos. Não brinque com eles, não use eles sem a certeza da incerteza do que sente. Pois quando é incerto não é a razão, e sim o sentimento.

Acenda o fósforo, precisamos do calor dessa fogueira. Amanhã o dia será longo.

Friday, July 30, 2010

Sobre relacionamentos...

“Sempre acho que namoro, casamento, romance… têm começo, meio e fim.
Aliás, como tudo na vida.
Detesto quando escuto aquela conversa:
- “Ah, terminei o namoro…”
- “Nossa, quanto tempo ficaram juntos?”
- “Cinco anos… Mas não deu certo… Acabou.”
É… Não deu…

Claro que deu!!! Deu certo durante cinco anos, só que acabou.
E o bom da vida é que você pode ter vários amores.
Hoje, não acredito muito em “os opostos se atraem”.
Porque sempre uma parte vai ceder muito e se adaptar demais.
E sempre esta é a parte mais insatisfeita.
Acredito mais em pessoas que têm interesses em comum.
Se você adora dançar forró, melhor namorar quem também goste.
Se você gosta de cultura italiana, melhor alguém que também goste.
Freqüentar lugares que você gosta ajuda a encontrar pessoas com interesses parecidos com os seus.
A extrovertida e o caretão anti-social são complicados.
E, depois, entra naquela questão de “um querer mudar o outro”.
Pessoas mudam quando querem e porque querem. E pronto!
Cama?
Cama é essencial!
Aliás, pele é fundamental.
Assim como outras coisas, cada um tem um perfil sexual, moral, sentimental….
Cheiro, fantasias, beijo, manias… quanto mais sintonia houver, melhor.
Não acredito em pessoas que se complementam.
Acredito em pessoas que se somam.
Às vezes você não consegue nem dar 100% de você para você mesmo.
Então, como cobrar 100% do outro?
E não temos esta coisa completa.
Às vezes ele é filé, mas não é bom de cama…
Às vezes ele é carinhoso, mas não é filé…
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador…
Às vezes ela é malhada, mas não é sensível.
Tudo nós não temos!
Identifique qual é o aspecto mais importante e invista nele.
Pele é um bicho traiçoeiro.
Quando existe “química”, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia.
E, às vezes, você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona.
Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra.
O outro tem o direito de não te querer.
Não lute, não ligue, não dê piti.
Se a outra pessoa tem dúvida, problema dela!
Cabe a você decidir esperar ou não.
Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.
O ser humano não é absoluto.
Ele titubeia, tem dúvidas e medos… mas, se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta.
Não fique com alguém por medo da solidão.
Nascemos sós, morremos sós.
Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado.
E, quando você acorda, a primeira impressão é sempre a sua, seu olhar, seu pensamento.
Tem  gente que vive pulando de um romance para outro.
Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?
Gostar dói.
Você muitas vezes vai ter raiva, ciúmes, ódio, frustração.
Faz parte…
Você namora outro ser, outro mundo, outro universo.
E nem sempre as coisas acontecem como você quer…
Mas, o pior mesmo é ter medo de se envolver.
Se alguém vier com este papo, corra. Afinal, você não é terapeuta.
Se não quer se envolver, que namore uma planta!
Na vida e no amor não temos garantias.
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar.
Nem todo beijo é para romancear.
Nem todo sexo é para descartar… ou se apaixonar… ou se culpar.
Enfim…
Quem disse que ser adulto é fácil?

"E você, como vai?”

Autor: Arnaldo Jabor
PS: Não é meu, mas achei um texto bom demais pra simplesmente ler. Quis colocar aqui.

Monday, July 26, 2010

Apenas por viver

O prazer do absoluto, olhar do absurdo. Como posso sorrir sem motivo?
Encontrei alguma razão, não sei qual...Sim, enfim, a mente para de me enganar
de me torturar com suas dúvidas...com suas dívidas, com sua luxúria
de pensar que a felicidade não está nas coisas pequenas da vida.
Eis que a tormenta que em mim sempre habita sumiu, não sei como
não sei quando...apenas foi-se dizendo um breve 'adieu'
enquanto eu procurava algo pra ler, romantismo...imagina!
Para quem tanto condena o belo da vida, que é amar.
A falta do calor de outro corpo já não é meu desejo
é apenas mais um de meus sonhos, os quais sobrevivo sem.
Enfim o convite para viver foi aceito não só por meu corpo, foi pela alma.
Que enfim se declara detentora do prazer que me faço desejo.
O liquido profundo da alegria sem motivos, é vazio? Não sei...
Prefiro em vazio alegre viver, do que em muro de lamentações escrever.
Rolei os dados de meu destino, em perigoso jogo meu.

Wednesday, July 21, 2010

ADEUS



Sinto que se te perdesse hoje
Reduziria minhas fantasias a pó
Como os planos que não fizemos
Perder-se-iam por completo
Feito a parte de mim que levarás
Eu prometi, sempre prometi
Que sua partida era previsível
Apenas não aprendi
A aceitar o que não foi
Tens histórias, filosofias
Eu tenho apenas minha loucura
Meu desejo supremo de sentir
E basta, por te pedir pra ficar
Não amor! A vida chama
E não o prenderei nas minhas correntes
Vertiginosas e doentias
Serei o ninho quieto e confortável
Que te acolherá nos deslizes
E quando partirdes outra vez
Dilacerando-me por completo
Terás minha parte ainda precisa
Dormente na lembrança
Meus beijos gravados em sua saliva
Hão de ser o gosto profanado
Do nosso pra sempre que acabou.

M.E.

Monday, July 19, 2010

Convite ao pecado

Beba deste sangue que te espera, não fuja do abismo que te leva.
Se tens medo agarre-te com tuas unhas este lugar.
Não deixe escapar, é tua única chance de provar o doce sabor
e o calor, calor...fogo...afeto das chamas em teu reino.
Apenas não negue o que te oferecem, eu sei que tu queres.
Eu sei que o pecado já habita em ti, então porque negar?
Teus pés já não sabem aonde ir, tua alma não sabe
se deve rir ou chorar. Então tome, beba desse liquido,
refresque toda tua convicção, palpite o saber e não morra,
não morra em tua mente, em tua alma...Tu, garota
és peça desse quebra-cabeça meu, e teu.
Eres fragmento a se encaixar e formar linda figura
dentre tanta escuridão. Então...não diga que não vais.
Não queira desistir, o aroma deste pecado gentil
apenas quer provar o sabor de teu lábio macio.

Wednesday, July 14, 2010

ESPERA

Ainda é cedo, tarde e noite demais
Para ofuscar tua imagem penetrante
Ha! Como pode o sol demorar-se tanto?
Como pode o vão passar das horas quebrar o encanto?
A dolência profunda do meu intimo saber
De que não sei, não quero e não devo
Privar-me do tremor que me ataca
De lapso, favo provocante
Da maciez dos teus lábios ferventes
Não, não tenho pudor!
Tenho suor, dor e anseio.
Do pulsar das veias que me formam
E se perdem, no aperto das minhas demências.
Ha! Como podes fazer-te tão ausente?
E presente na abominação do meu dia longo
Tiras-me a roupa, o tempo, a poupa
Da fruta enxuta com sabor de manhã
O liquido negro que perde meus olhos
É a saudade misturada ao meu batom borrado
Escute! São meus gritos lampejados
Com o triste sabor do pecado
E a esperança tola te ver-te novamente.

M.E.

Monday, July 12, 2010

Copa da Árvore

Pois deixe-me ser mais do que o ar, mais do que penso ser..
solte minha alma como pomba a voar dentre o ar
e neste ar deixo me levar, o vento me busca
dentro de tudo o que quero alcançar, dentro do mar.
Mas ah! Quero apenas descansar na copa de uma árvore qualquer,
buscar inspirações de borboletas, mariposas e cigarras.
Nada melhor que um belo dia para por a mente no lugar, mas que lugar?
Nem meu corpo deve saber aonde eu deveria estar,
porém na sombra aqui estou, inspiração que me faltava
o brilho do olhar daquela moça, doce gosto do amargo...
O prazer do descaso que se fez em tudo isso,
mas ao menos aqui a grama não confunde, nem esconde
o que com olhos não consigo ver ou mesmo prever.
E o sol é apenas cruel, não a mistura de bondade...
Não um pecado em existência. Ah...esse pecado em que desejo viver,
essa dúvida, caminho sombrio que desejo percorrer...
Cada curva me levando a um abismo sem fim.
Folha verde caindo no jardim, o sol pouco a pouco a se esconder,
olhos fraquejando, querendo parar de ver...escurecendo até adormecer.
E o sonho melhor não poderia, melhor não havia
lábio doce a encostar-me, fogo ardente dentre um único afago
pele como pétala de rosa, delicada e convidativa
e tudo acaba-se em um único instante.
Era só um sonho a me atormentar a imaginação
e eu ainda estava embaixo daquela árvore...
Agora a acompanhar o amanhecer.




Tuesday, July 06, 2010

Universo Paralelo

Sim! Deixo-te viver dentre meus laços, desatados nós cegos de prazer
agonia d'alma já inundada como a ostentação da luxúria e o brilho.
Luz cega, cegando através do vidro, o risco de se ter um novo amor.
Corta-me e deixe jorrar o sangue da piedade, talvez tua alma
seja perdoada do descaso no acaso de uma morte sem querer.

Jorra a água, pois seque-a até a última gota de esperança
corra para o ponto mais alto da montanha, no frio do coração vazio
deite-se nos pensamentos, nos sonhos de um novo ideal
e durma ao som do longícuo mar, ao brilhar da longícua estrela.
Que vive sozinha, mas não para de brilhar.

E no amanhecer deixe-se levar, veja a luz do sol refletir ao mar.
Dançando sozinho aquela valsa, vibrando sozinha eterna melodia
e na viagem a um novo universo, sem sair do lugar, estarei
procurando o vinho mais fino, procurando a roupa mais bela.
Lá realizando último suspiro, por não querer ao velho universo voltar.

Monday, July 05, 2010

Risco sublinhado.

Não diga que não vale a pena se você não puder acreditar
apenas deixe se levar por águas marinhas sem direção
deixe acreditar que não há dor no coração (e que há fé)
em alma tão cortada pela faca do desprazer.
Não deixe se levar mais, ou deixe de ser quem tu és
porque se no verso não há mais coesão, a mente é confusa
até a dor de pálpebra insegura, dá voltas e voltas
mas não sai do lugar.
E que lugar? Qual arma hei de usar, qual escolha tenho?
não me faço sereno nem calmo, e mesmo parecendo
sou um turbilhão de pensamentos, de coisas desnecessárias
necessárias ou não ao meu mundo sem sentido.
E tu, se faz de amiga? Ah...tu és, tu és sim amiga
talvez a mais querida das que tenho, como direi...
se me dizes para tentar e não ter o passado como presente
tente também, pois só assim saberá como teria de ser.
Na melodia encontro meu prazer, em letras...em poesia
dia após dia querendo apenas viver, e ter...prazer
como há de ser minha mentalidade sobre a vida
não há papel, não há trabalho (mesmo digno)
que traga em bandeja a felicidade.
Caminhando sigo, a passos largos e lentos
porque não preciso ter pressa, certo?
deixo apenas passar, seguir...ir enfim ao fim
me dê tua poesia, me dê tua inspiração
me dê teu carisma, me dê tua mão
tente apenas deixar seguir, deixar sentir (ou não)
o pulsar, o querer ser um tanto bem maior
e magicamente sinta a liberdade em veias correr.
como d'água fonte a jorrar.

Wednesday, June 23, 2010

Veneno a sufocar

Então a pressão nos vem, e temos que aguentá-la
o ódio que emerge de minha alma, o medo, a raiva
de ter que conviver com o desnecessário
de ter que aguentar a convivência.
  
Não pode trilhar seus proprios caminhos
está preso em uma teia, uma teia de acontecimentos
e o aracnídeo a se aproximar lentamente
admirando sua presa indefesa.
  
Um som de música pesada, a vontade de gritar
e desabafar, não se importando com o que aconteça
poder viver o que é, não fingir outra pessoa
Usar seu veneno, antes que o usem em si próprio.
      
Arrancar com os dentes pedaço a pedaço dessa prisão
Não se trata de sentimentos, dor ou coração
é a raiva habitando a alma, envenenando o ser
é desejar a vida morta, do que da morte viver.

Monday, June 21, 2010

CINZAS

Eu vi o medo em seus olhos menino,
Eu o vi nítido como o claro rebelde do sol
Minhas vertigens e meus sonhos nada foram
Até o momento em que deparei com o sorriso
Ofuscado pelo medo impreciso
Deixado nas recordações do dia seguinte
Vejo-me no espelho que somos
Ambos rindo dos tropeços que levantam
Meus discursos desequilibrados
Tem o crédito de aumentar sua dor
E a explicação poética da vida
Afirma meu desgosto de que não soubeste
Calar minha boca num beijo franco
Amável, suave e cedendo
Das explicações que não tivemos
Dos acasos que ocasionaram um encontro
E nos separam no desfalque das imperfeições
Vê menino, hoje não somos nada
Exceto o calor que nos uniu na noite embriagante
E a ressaca do fogo que nos consome
Somos cinzas que na noite desalmada
Se consolam num abraço de perdão.


M.E.

Tuesday, June 08, 2010

Eis a milonga

Mas diz porque tens medo
mas diz porque não diz
se eu tenho mais medo
da chance de ser feliz
mas diz porque tens tanto brilho
iluminando pesada aurora
mesmo com olhar cansado
tua luz não se esvai agora.
Como chegando o frio lá fora
o cobertor teu de todo fogo
e como uma chama
me invade calor do teu jogo.
Como o jogo não acaba agora
e nem espero que um dia suma
tomo-lhe a coragem, e da tua flor
faço buquê todo de apenas uma.



Quando você não esperar vou te ver, e sei que vou querer...vou passar por ti como apenas um, e de dois formar um par à dançar. Eu sei que vai me ouvir, eu sei que vai escutar, vou rezar por você, pedir só você. E nos vamos deixar levar, nos vamos deixar levar.

Porque você insiste em simplesmente não dizer?
E é só você..

Porque você insiste em simplesmente não falar?
e te querer...


Base/Inspiração:  http://letras.terra.com.br/fresno/1233681/

Thursday, June 03, 2010

O reflexo do espelho

Caso tenha esquecido, tudo o que fui ou sou
deixei de ser no momento em que te vi.
No momento em que me deixei levar,
no momento que me entreguei a ti.
E em ti me vi perder,
perder no meu abismo,
voar dentre lugares que não vi
e conhecer pessoas que não conheci.
Em ti quis me ver novamente,
mas não, nada de mim existia ou restava.
Tornei reflexo do que você era,
me olhei no espelho e vi somente a você.
Nada além dessa imagem, nada...
Mas porque me entrego tanto?
Me torno o que não sou,
me encho de falsas promessas...
Você não é real, nada aqui é de verdade.
O jogar ao chão se reduzirá em cacos,
cacos de vidro cortando meu pé,
mas enquanto estou a voar não estou a sentí-los.
Toda asa se quebrará, todo amor acabará
e o que sobra são as feridas nos cacos de vidro,
a moldura de um quadro quebrado.
E, sem nada a restar, nada a se apegar,
somente sobrará a vida de um ser humano
sem fé, ou coração.

Friday, May 28, 2010

Refletir comendo waffles

Enfim, é com muito orgulho, um pouco atrasado, e com muito trabalho (criativo,desenvolvedor e convidativo para novos autores, rs) que eu lhes digo, o Flefletindo completa 1 ano de existência. Na verdade completou da 03 de maio, porém resolvi aproveitar que farei algumas modificações na maneira de postagem, bem como a divulgação do blog, para também comemorar tal data, poucos são os blogs que sobrevivem tanto tempo. Principalmente não-comerciais.

O Flefletindo começou em uma brincadeira e uma pequena idéia de blog para textos (não exatamente poéticos) e conteúdos diversos. A brincadeira no caso traz o nome ao blog, que veio justamente em uma conversa de msn, após um erro de digitaçãoda Nathália Santos (que já foi autora do blog também), da palavra refletir que saiu como "flefletir". A partir daí, nessa mesma conversa decidimos criar um significado para o verbo refletir, surgiu então o 'refletir comendo waffles', uma insanidade e, de certa forma, um significado interessante para essa palavra.

O blog surgiu no dia 03/05/2009, com postagens satíricas e algumas inúteis (que aliás podem ser vistas no historico do blog), o blog surgia como algo pessoal, humoristico e poético ao mesmo tempo (devido ao meu interesse em escrever poesias e prosas).Com o tempo, o Flefletindo foi se adaptando mais ao molde de 'blog poético', devido a situações ocorridas em minha vida, ou mesmo idéias de textos que eu escrevia em forma de poesia, o blog então perdeu o status de humorístico, mas continuou pessoal (devido a alguns desabafos pessoais), mas conforme mais tempo foi passando, o blog se tornou, enfim, somente poético. Um blog de poesias.

Vários autores já passaram por aqui (digo vários porque em um blog que quase não tem comentários passar 7 autores, é de certa forma uma grande quantidade), dentre melancólicos e otimistas, simplistas e enigmáticos...todos escreviam de formas diferentes. O que é atualmente a idéia da reformulação do blog.

Tal reformulação consiste no seguinte:

Primeiramente novos autores farão parte daqui, por enquanto nosso blog consiste de 4 autores, porém só dois escrevem periodicamente (na verdade não exatamente periodicamente, mas assim será daqui pra frente), todos os autores farão poesias/prosas de modos diferentes, não como uma imposição, mas porque são autores que escrevem diferentemente entre si. Os autores que já não postam nada a algum tempo serão retirados do blog para a entrada de novos, no caso uma autora está de certa forma confirmada, faltando apenas ajeitar corretamente o Flefletindo.

Após acertarmos os autores, as datas de postagem não terão uma regra no sentido de ordem de postagem de autores, mas irá obrigatoriamente ter um post a cada "x" dias, independentemente de quem postar. Outro autor não poderá postar no mesmo dia em que um certo autor colocou algum texto no blog, tendo assim que esperar até o próximo dia de postagem. Faço isso para uma melhor organização do conteúdo do blog.

Por último teremos que divulgá-lo, temos poucos comentários pois de certa forma o blog nunca foi bem divulgado, sempre apenas em formas convencionais como twitter pessoal, orkut pessoal ou mesmo MSN pessoal, isso trás uma certa quantidade de leitores, porém não temos como saber, caso não tenhamos comentários. Seria o caso de procurar grupos de discussão de poesia e divulgar o blog lá, ou no caso fazer parceria com outros blogs (entrariamos na publicidade, mas possivelmente essa será a ultima maneira a se tentar, o blog continua não tendo interesse comercial).

Creio que essas maneiras farão do Flefletindo um blog mais visitado e com bom conteúdo.

Parabéns a todos os autores que passaram por aqui, vocês me ajudaram a fazer esse blog sobreviver até hoje.

Thursday, May 27, 2010

Interlúdio

Vide a vida sobre a sombra
Cante a morte, musica rodeia
Luz nos olhos de quem semeia
Mais um sonho que te assombra

Espanto em lágrimas e velas
Espante tuas mágoas sem recuar
Ignore teus medos, mas cautela
A realidade continua a sondar

Vide a morte sob a luz
Cante a vida sobre a mesa
Derrame o sangue da realeza

Esconde tua espada sob a cruz
Enfrente teus medos, volte a lutar:
Já está na hora de voltar a amar

Wednesday, May 26, 2010

O sábio e a realeza

Das marés perdidas num sonho profundo
misturadas com granizo, que do mar
se faz ver e querer, junto
ao abismo de um verbo, amar.

Pois já viverdes de sonhos tanto.
Um pouco mais a ter-lhe a calma
de um corpo celeste, eres santo
de um demônio com fé e alma.

Te vejo um sábio ignorante.
Um poeta mais do que marcante
de indivualidade pessimista

Porém também penso ver-te trovejando
a esperança enrolando-se a um manto
cuja realidade nos avista.

Wednesday, May 19, 2010

rascunho.

Eu só escrevo sentimentos
jogados ao vento, ao relento.
Só escrevo melodias
das mais belas canções, harmonias
sem realidade, que me deixam sonhar.

Eu não escrevo sobre o real.
O que faz sentido, o que é...
sob alma, sob vida, morte e fé
em nenhum deus, mas esperança.

Já escrevi sobre alegria,
um sentimento maior que todos.
O amor, naquela ex harmonia
que eternamente em mim se guarda.

Já me arranquei a poesia.
Tentei ser o que não sou,
lutei contra o meu verdadeiro ser.
E agora, não sou mais nada.
Nada que sei dizer.

Eu só escrevo o desespero,
a agonia e todo aquele medo.
Só escrevo poesia
de um poeta mal feito.

Monday, May 17, 2010

desabafo simples, simples desabafo

é da confusão que se faz o real, o palpável...é da confusão que chego a um consenso de que não sei mais o que sou, não sei para onde vou e nem sei meus próprios sentimentos. Se é para fazer de mim um louco, que se faça de uma vez, numa bela noite eu veja um anjo ou luzes piscando em meus sonhos, que eu enlouqueça de vez, possa ver o mundo com os olhos de um louco que não quer mais nada da vida senão viver da própria loucura.

Se não me encontro em meus sonhos, em meus caminhos, se não choro mais ou digo e faço coisas sem sentido...não é porque não ligo, não é porque sou indeciso, mas de mim, das minhas certezas absolutas nada sobrou, eu quis sonhar, eu quis viver de um sonho e todo ele desmoronou-se na minha frente. Além da arte de decepcionar pessoas, da qual estou me tornando basicamente um Michelangelo ou um Leonardo da Vinci, na lógica de meus pensamentos sem lógica.

Não é romantismo, mas também não é realismo. Se trata da confusão de uma mente cansada de sempre voltar-se aos mesmos pensamentos tristes, mas que não tem um tijolo que seja para formar novos pilares e reconstruir tudo, pois a confusão que se fazia antes, do medo...ah medo, medo de perder tudo, medo de decepcionar todos, medo de ficar só. Todos eles concretizados em minha frente, absolutamente todos, pois para se sentir só não é necessária a falta de bons amigos, e sim a falta de um cobertor humano que esquente o meu ser, uma pessoa que dentre todas faça mais sentido que tudo, falta sim...ah falta, e além da mente...o coração também enlouqueceu. Como se já não bastasse todos os medos e as inseguranças, agora há também a ferida, que já não sangra mais, mas que se cutucada jorra sangue como uma veia cortada por um suicida qualquer. E o suicida sou eu.

E dentre toda essa confusão de corpo, mente e coração aqui estou...me servindo de meu próprio pilar, me apegando ao fútil e desnecessário, brigando contra tudo o que eu acreditava anteriormente. E novamente com medos, os meus medos...a minha insegurança. A falta de acreditar em mim mesmo.

Eu só quero não decepcionar mais ninguém.

Friday, May 14, 2010

começo do fim, fim do começar.

Se tudo se foi,
tudo voltou a ser como era
não há porque grudar-se ao passado.
Voar para outros caminhos,
subir outras montanhas.
Vamos voltar para o começo?
e o que passou já foi
e o que foi já não é mais
respirar, inspirar...
continuar a andar.
E no caminho deveremos voltar,
o começo é sempre o final
e o fim nos mostra um novo começo.
O maduro se faz da decepção.
Vamos voltar ao começo?
o começo de um novo fim
e o final de um antigo caminho.
Um dia há de acertar
e talvez o caminho não tenha final,
ou talvez seja o fim de novos começos.

Tuesday, May 11, 2010

a morte do poeta

Do poeta não se sabe onde tira-se inspiração
não olha a uma flor que seja, um sonho,
um rosto que veja com sentimento de paixão.
Somente vê a vida, apático, sem sentimento
mas com emoção ao mesmo tempo.

Precisa de algo? Não, nenhum amor, nenhuma flor
nenhuma ilusão, tua vida é como um porão
que precisa de uma limpeza, para que enfim
se veja o que de bonito há por dentro.

A mais pura reflexão, dos sentidos
mudança constante do que pensar
o ex poeta pensante, que insiste em lutar
para manter-se vivo e ter,
do sofrimento vivido, a sua inspiração.

Deste poeta que luta contra si
já não há mais vestígios de revolta,
nenhuma chance da reviravolta.
A morte do ex poeta melancólico
já é dada como certa, e nada
há de impedir a sua meta.

É tão simples o que se diz
do poeta cuja única meta
é ser, enfim, feliz.

Saturday, May 08, 2010

Fera e o seu criador

A mente errada, a mente errando
coração ainda ferido,exalando ódio.
Sim, ódio do que antes fora amado.
Mas o que seria o ódio,
senão o amante do amor?

Jamais hei de perdoar, pois
qual flor de subito amor,
qual fera causadora da dor
há de perdoar o seu criador?

Sunday, May 02, 2010

de mente contra mente.

Sim, novamente a mente de intensa metamorfose.
Muda, mudam-se, muda-se tudo e todos.
A luta intensa da mente contra si mesma,
a luta intensa do presente e passado
do 'seguir a vida' e do 'voltar ao começo'.
Tudo isso não passa de adereço
da cabeça confusa, cabeça embriagada
que, sem beber uma só gota, sofre consigo mesma
a trilha da mudança, e nessa andança
se perde no caminho, trava imensas batalhas
de dragões imaginários, demônios do passado
que sempre voltam a lhe assombrar.
Todavia a culpa é de si mesmo,já que
não sabe aonde andar, não sabe o que escolher,
mas não quer mais se submeter
à mesma escolha, os mesmos erros e acertos
que um dia, em sua escura e luminosa vida
se fizeram. Abriu-se a ferida, de dor e prazer,
de ódio e meu bem-querer,
mas é duro ter que escolher, e saber
que o porque de tantas coisas, foram futilidades.
Erros acertados e acertos errados
de uma redundancia sem limites,
de toda a experiência vivida nesse corpo e coração.
Mas, dessa mente confusa
só sobrou a poesia.

Sunday, April 25, 2010

Ontem.

Finalmente pude provar o sabor dos teus lábios, os quais fora impedidos de que eu tocasse por muito tempo por certos motivos alheios, e pude descobrir que são viciantes, assim como a sua mão na minha cintura enquanto escutavamos aquela música e nos moviamos conforme a letra.

Friday, April 23, 2010

Dê-me o veneno

Sonhos feitos, destruidos com o tempo
da vida já não há nada a se esperar
a morte logo está a se encontrar
mandar-te o ultimo beijo, o sagrado
partir de um ultimo desejo do sádico.

Censo comum levando, leva, levita
o ser em que tal alma habita
mas não se vive nada, ninguém
apenas um corpo com vida, mas sem.
no fim somente sábios hão de ver.

Voe, sinta a liberdade dos pés vazios
um fim de tarde de um domingo amigo
fluir em teu corpo o desejo de dor
fugir da sua mente sentimentos de amor.
Pipoca, cobertores e um filme romântico.

Flores, ah flores...aroma perfumado
alma liberta, recanto...rosto delicado.
ah Deus, livra-me deste pecado!
ou livra-me da dor, livra-me do amor.
Deixe-me provar deste veneno
sem ter medo de morrer.

minha mente

Não se sabe definir
o que sentir e se sentir
indecisão, veneno repentino
a diferença do chorar
e do sorrir.

Cada olhar, cada momento
sucede de alegrias e sorrisos
mas quando relebrar de tudo
trarei uma dor, trarei um lamento.

Você não é quem me fez ser assim
não quero lhe ver partir
não quero lhe assustar
talvez não perdi os sentimentos
mas a dor me relembra de momentos.
E o medo me toma por inteiro.

E eu não sei...
se você me quer, bem
do jeito que eu te quero
ou do jeito que passei
a te querer.

Me dê algum sinal
alguma luz, algum sorriso
só preciso de uma chance
para lhe mostrar
o quão feliz podemos ser.

Tuesday, April 20, 2010

e agora?

Eu podia ver-te chorando
sem soltar uma lágrima sequer
olhando a ti eu percebi
o quanto de menina se tem
em uma mulher.

Foi um momento tão repentino
formado pela pura coincidência
mas daquele momento não tiro
a minha consciencia.

Doce foi, docemente lindo
não quis parar de olhar
quis-lhe dar um afago
e jamais deixar-te chorar.

Olhei-te como um fã
admirando eterna beleza
tu estavas tão linda...
tu estavas tão linda!
que mil palavras
das que hei de encontrar
não irão definir
o quanto de Deusa há
em ti.

Não sei o que nos espera
não sei o que me espera
mas se precisar de armadura meu bem,
eu estou pronto pra guerra.

Friday, April 16, 2010

Eterna Ferida

Seja realidade enquanto puder ser
ser a mentira de quem já não é mais
ja não se mostra, não se faz capaz
é luz de agonia nos sonhos mortos.

Frio que habita o fundo de teus olhos
escuridão transbordando sobre tudo
e tudo já não é mais nada
apenas uma voz de um cego mudo.

Flor que brota, flor que é morta
sobrando o resto, do sucesso
da alegria que acaba e nunca volta
mas são só dez da manhã, de amanhã.

Seus olhos brilham como a noite
mas escurecem ao nascer do sol
sem sinal de vida, sem sinal...
algo que me faça sorrir.

Faça-se a vida, minha querida
nada mais faz sentido aqui
não precisaremos de pretextos
só estamos a provar o mel da vida
e o fel da eterna ferida.

Thursday, April 08, 2010

Mundo Sensível

E o mundo muda
a muda do mundo
e o mundo afunda
em um mar profundo.

E a vida segue
o cego da vida
a vida que é leve
traz dor na partida.

E o amor é belo
na beleza do amor
e o amor é um elo
a corrente uma flor.

E o ódio nos leva
levando o rancor
o ódio que é treva
oposto do amor.

E a morte é o fim
um final para a dor
mas sei, dentro de mim
ainda brota uma flor.

Friday, April 02, 2010

semânticamente confuso

A falta e o excesso do sentir
nada mais faz sentido aqui
tudo enlouquece a mente
impossibilita o sorrir.

a luz de prosperidade
o viver para crer
uma força de vontade
querer não mais sofrer.

Até o poema não tem nexo
em nenhuma estrofe ou verso
sofrer para escrever
e viver para sofrer.

Sou fruto do que passei
do que não me escondi
do que vivi, do que chorei
romantico eu sou ou era
querido eu era ou sou
não importa mais
não importa mais
quem eu sou, aonde vou.
Deixe o vento me levar
só tire de mim essa dor.
e me faça voltar
a ser quem realmente eu sou.

Sunday, March 28, 2010

realismo sobre a vida.

Realismo sobre a vida - parte I

Sonhos todos destruídos
já não tenho mais nenhum.
Mente vaga no escuro
sem sentido, rumo algum.

E para a cura das feridas
não encontro solução.
Tudo já não se trata
mais só do coração.

é uma mistura de loucuras,
de anseios, inseguranças
e mágoas de tudo que passou.


Realismo sobre a vida - parte II

Estou louco, sei que estou
já não suporto essa dor.
Pensar não fazer a diferença,
mas não se trata só de amor.

Não sou feliz, não sou alegre,
não tenho auto-confiança.
Até mesmo o que escrevo
já não me agrada,
não me faz sorrir.

O fato de você não estar aqui, meu amor
só destruiu meu alicerce.
O que me sustentava bem.
Não precisei de nada além disso.
Não precisei de nada além de você.

Mas esqueça, também errei.
Em querer-te só pra mim.
Em nunca acreditar no fim.

Desculpe-me todos os amigos
Desculpe-me todos que conheço
Se não agradeço
Se não lhes mereço.
Se magoei
Se errei,
mas não consigo mais me controlar.

Não consigo parar de pensar
que já não adianta mudar.
Perdi minha chance,
perdi minha dança.
O horário do ultimo trem.
Já não sou mais ninguém.

Morrer não mudaria nada,
nem pra mim, nem pra você
talvez um choro ao perceber
que já não existo mais.
Mas vivo já sou isso,
então pra que morrer?
Se vivo já me dou
este parecer.

Morto ou vivo, tanto faz
Já que não existo mais.

Friday, March 26, 2010

Desespero por teu gosto.

Minha visão estava embaçada,
Seu cheiro era viciante
Mesmo que eu não me recordasse
Mas tinha certeza de que se o sentisse
O reconheceria em qualquer lugar.

Hoje, me lembrei do seu gosto,
E me bateu uma saudades tão grande
De tudo que existia em você,
Principalmente do seu rosto
Sempre fora essencial pra mim.

Não sei se posso mesmo chamar de saudades
Ou se isso teria outro nome,
Talvez esperança - ainda -
Talvez desespero, mas
Acho que ainda prefiro saudades.

Sunday, March 21, 2010

Trilha sonora

Minha vida tem trilha sonora
Músicas no ritmo do sentimento
Violinos, violão, guitarra e corda
Refletem o que sinto nesse exato momento.

Minha vida tem trilha sonora
mas agora toca uma música triste
antes tocava uma apaixonada e melosa
reflexo do que já não mais existe.

Minha vida tem trilha sonora
harpas que combinam com o vento
solo dedilhado na corda
e dança de acompanhamento.

Minha vida tem trilha sonora
estamos no ápice do filme
emoções que soltam-se afora
a musica que soa sublime.

Minha vida tem trilha sonora
acordes que procuram felicidade
alma que na musica chora
não muda-se aquela verdade.

Minha vida tem trilha sonora
e a musica chega ao fim
é triste não ter como outrora
a felicidade para perto de mim.

Tuesday, March 09, 2010

a vida em valsa e poesia

Diga-me, qual alma de súbita alegria
torna-se a ser dança de ritimo lento
na mais bela melodia, na mistura das cores
na vivência da vida, descoberta de amores.

Em tua pluma florida, em teus vastos tremores
de teu corpo ferido entre guerra de flores
nas palavras ao vento, formato das nuvens
linhas e curvas de revolução sem um grito.

Miram-lhe a fé, prova que se quebra num mito
Buscando-se a paz na alegria de um rito
Cuja vida suscita, cuja alma levita
Leveza profunda da água do mar.

O pulmão que respira vitalmente o ar
Coração e alma formam uma espécie de par
Na dança citada são rei e rainha do baile.
Pra lá, pra cá...marcam seu rítimo
com alegrias e dores que a vida lhe dá.

Friday, March 05, 2010

Viva la vida

O sol que iluminava os dias daquela alegria
Já não se encontra presente nessa noite escura e fria
Onde caminham ao vento almas sem fé e vazias
A passos longos, ríspidos e sem vida.

Sozinho no escuro o homem se vê
Desejando que o dia se acabe, que o mundo se acabe
Ou ao menos seu mundo, em que ele vive e crê
Não haver mais saídas para libertar sua mente.

Neste mundo todos estão sozinhos, não existem companhias
Uma alma é ela por si só, de momentâneas alegrias
O amor e a paixão são apenas sonhos, sem perspectiva
De carinho, um beijo, uma outra alma curar sua ferida.

Anestesia, não se lamenta mais, não se chora
Não ouve-se soluços desesperados no fim da noite
Transfere-se toda a esperança num mar de conformismo e realidade.
Como água limpa e cristalina de um riacho
Desaguando em um rio poluído e infeliz.
Mas é assim que se vive a vida.

Friday, February 12, 2010

Em linha reta

Pegue...
Não solte agora, segure com firmeza mas não chore, não chore.Esmague seu coração, destrua todo sentimento ainda existente nele, pise se for possível, o deixe de lado, não importa se houve passado, não há mais. Não ligue mais.

Levante a cabeça, nenhuma pessoa desse mundo vale a sua tristeza, nenhuma pessoa vale o que você vale para si mesmo, não ligue, não reze, não faça nada...no fim tudo se ajeita.E não se interesse se vá se ajeitar bem ou mal, o mundo dá voltas e o lixo que cai hoje encima de você, cairá amanhã na pessoa que o jogou, é tudo uma questão de tempo.E o tempo é traiçoeiro.

Odeie, não se sinta mal em odiar, você não é feito de ferro para amar quem lhe deu uma pancada pelas costas, você não consegue amar ou perdoar tal erro, tal desilusão. Mas aprenda, mesmo que o erro não tenha sido seu, quem sofreu com ele foi você, quem vai o sentir ao pensar nos momentos sozinhos é você, não quem errou.

Se divirta, saia, tenha amigos, aprenda principalmente a NUNCA substituir seus amigos em tua vida, nenhum amor vale a mudança de boas amizades, o afastamento, a perda, os amigos são para sempre, os amores infelizmente não são. E além do mais, não mude a si mesmo a não ser que tenha certeza absoluta de que VOCÊ quer mudar aquilo em si mesmo, nenhuma pessoa vale qualquer mudança, ninguém vale o sacrifício e a luta dentro de você para mostrá-la que mudou, você não mudará mais, jamais.

Ouça música, a música será a única companheira de seus sentimentos, grite, cante e chore ouvindo música, mas não a transponha na realidade, NÃO RELEMBRE O PASSADO, pois o que está nele já não existe mais, foi tudo uma grande mentira. A mentira mais bem contada que você já viu.

Seja você, seja quem você é.
Pois o amor não dura para sempre, mas o sofrimento sim.

Applesauceless Week

Lately the nights have an added sparkle, like you could, with your smile, just brighten a whole townhouse. Clean energy for everyone around ...