Voltando ao tempo, temos um homem, com 46 anos acordando para sua nova vida, sua pouca propensão a ter amigos explodiu junto da fonte de seu coma, não teve nem a compaixão da própria enfermeira que lhe deu os cuidados necessários para que voltasse à sua vida normalmente, e ele perguntou o que era vida, parecia algo tão subjetivo, o que faria dela? Era de comer? Seu novo modo anti-social aliado a sua pensão vitalícia por danos causados pela guerra lhe permitiu uma vida sem contatos pessoais, sem afeições. Nem mesmo a garota do supermercado se atrevia a sorrir para um homem de barba mal feita e mal encarado como era agora aquele anti-herói da humanidade.
Hoje é seu aniversário de 89 anos, o tempo passou mais rápido, não? Mas ele aguardava ansiosamente sua morte, desejava que a granada não tivesse sido incompetente em sua missão e assistia programas gastronômicos para descobrir se o Bacon era uma boa forma de se matar lentamente. Em sua porta pilhas de jornais, revistas e correspondências de parentes distantes. Não se atreveu a sair de casa durante 25 anos, desde que levou uma bala nas costas e perdeu o movimento de seu lado direito do corpo. Sua motivação, que já fora quase nula tempos atrás, tornou-se absolutamente zero. Mas a morte não lhe dava sossego tão cedo.
Ele deitou e colocou a arma sobre seu peito, começou a cantar uma cantiga que sua mãe cantarolou quando seu pai ia foi ao trabalho ser morto por rebeldes aquele dia. Ele lembrou, ela chorava e cantava, uma canção tão depressiva que trazia sentimentos depressivos até ao mais otimista dos homens. Na época ele entendeu que devia honrar a morte de seu pai, quando chegou ao exercito percebeu que era tudo bobagem, e esperou ansiosamente pela sua dispensa, planejava ter filhos caso encontrasse uma mulher que gostasse de seu jeito introvertido, pois afinal, tinha suas qualidades, tais como inteligência e beleza, mesmo que discreta.
"Eis que a morte nos separa e convém nos deixar sozinhos uns com os outros, cuidando de nossos próprios problemas e pensando no passado como uma dor existente e pontiaguda no peito. Você, que desse seu jeito me faz feliz, vá para a guerra, saberão lhe cuidar, saberão lhe cuidar, para que eu nunca mais veja seu rosto novamente..."
Dormiu enquanto cantava, sua arma em seu peito, pobre sujeito de escolhas erradas.
A morte dormia também, acabara de matar um jovem estudante amante da vida.
A morte dormia também, acabara de matar um jovem estudante amante da vida.
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