Monday, March 11, 2019

Calabouço interno

Ele acorda.
ocupa em diagonal sua cama de casal.
se sente vazio, mas não afogado
se sente calmo, mas não em paz.

Ele pensa.
Onde foi toda alma que se tinha
toda fala, virou mudo
surdo, cego, sem fé.

Mas o mundo não se fecha mais.
Nem é escuro.
Apenas é.

Ele não sabe quem é.
Ou como será,
ou como dirá.
O homem prende a si mesmo.

Se mantém preso
a uma outra realidade
uma outra instancia de seu proprio ser

E agora ele quer viver,
mas não sabe como.
Não sabe se pode soltar-se
depois de tantos anos presos
em sua propria memória.

Não é o passado
ou o depois.
É o agora
que o prende,
que o sufoca.

E o ciclo não demora.
A alma que se solta hoje
amanhã a prender-se volta.
E o homem não sabe
se chora,
se passa mal,
ou se sente raiva.

Sentir-se mal por si mesmo
é libertacão,
é corrente presa nas mãos,
é ficar perdido
entre o que é real
e o que a mente devaneia.

Ele pensa:
"Talvez se eu desatar nó por nó
um dia essa alma caminha por si só.
Vazia, porém livre,
livre pra ser o caminho que quiser".

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