Saturday, October 01, 2011

Flamboyant

Ela dançava;

Olhava em sua volta o vazio daquela mansão, era dela, era tudo dela, toda a riqueza que sonhara.

Rodopiava dentre o imenso salão, falava alto, sozinha naquela imensidão a qual poderia agora chamar de lar. Foi à piscina, naquele calor não existiria algo melhor do que a água para se refrescar, sentiu um aperto no peito ao olhar em volta e não ver ninguém, mas logo passou, ao ver passáros pousando naquela árvore que não sabia o nome.

Nadou, nadou como se soubesse e depois como se fosse afogar, nadou ao fundo, nadou ao topo e, enfim, parou.

Dessa vez não foi aperto, foi pânico: Não havia ninguém a sua volta.

Refletiu que agora com aquela mansão encontraria novos amigos que quisessem compartilhar sua experiência e modos. Lembrou que odiava pessoas arrogantes e que todos os ricos que conheceu eram assim, calou-se a cantoria.

Agora era uma alma pobre em um corpo rico, a modéstia na forma pura dentro de uma casa do tamanho de dois quarteirões inteiros, se sentiu grande, depois sentiu-se pequena, ao recobrar seu tamanho saiu da piscina. O que faria com todo aquele dinheiro? Doar não ia adiantar, ela não queria se abster do dinheiro, mas dos prejuízos morais e sociais que ele traz. Não queria ser atriz, mas não queria ser vilã.

Pisou fortemente no gramado, ao lado da placa "não pise na grama", deitou no sofã de couro com os pés descalços sujos de terra. Ligou a TV: Assassinato. Morte. Enchente. Corrupção. Enchente. Morte. Ganho de loteria. Merchandising.

Desligou a TV, nada daquilo a fizera bem... Decidiu então respirar forte e esperar a angústia passar. Entrou na internet. Google, árvore com folhas vermelhas e alaranjadas. Flamboyant. Isso. Tinha sua própria árvore Flamboyant agora... Nome muito sofisticado, a alternativa foi o nome árvore-flamejante. Bem rústico.

Se sentiu mais pobre por um instante e dormiu no sofá sentindo-se bem com isso.

Acordou com toda a casa limpa e um cheiro de comida vindo da cozinha. Foi até lá:

- Olá Sra Vitória, sou sua cozinheira, fiz salmão ao molho de maracujá. Se quiser trocar posso lhe fazer filé mignon ao molho suíço que sua mãe gostava tanto. Uma pena morrer tão cedo né?

Precisaria agora de uma nova maneira de se sentir pobre, ou menos rica, mais modesta."Droga mãe! Não podia ser só um apartamento na praia ou algum dinheiro pra faculdade?".

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