Ela dançava;
Olhava em sua volta o vazio daquela mansão, era dela, era tudo dela, toda a riqueza que sonhara.
Rodopiava dentre o imenso salão, falava alto, sozinha naquela imensidão a qual poderia agora chamar de lar. Foi à piscina, naquele calor não existiria algo melhor do que a água para se refrescar, sentiu um aperto no peito ao olhar em volta e não ver ninguém, mas logo passou, ao ver passáros pousando naquela árvore que não sabia o nome.
Nadou, nadou como se soubesse e depois como se fosse afogar, nadou ao fundo, nadou ao topo e, enfim, parou.
Dessa vez não foi aperto, foi pânico: Não havia ninguém a sua volta.
Refletiu que agora com aquela mansão encontraria novos amigos que quisessem compartilhar sua experiência e modos. Lembrou que odiava pessoas arrogantes e que todos os ricos que conheceu eram assim, calou-se a cantoria.
Agora era uma alma pobre em um corpo rico, a modéstia na forma pura dentro de uma casa do tamanho de dois quarteirões inteiros, se sentiu grande, depois sentiu-se pequena, ao recobrar seu tamanho saiu da piscina. O que faria com todo aquele dinheiro? Doar não ia adiantar, ela não queria se abster do dinheiro, mas dos prejuízos morais e sociais que ele traz. Não queria ser atriz, mas não queria ser vilã.
Pisou fortemente no gramado, ao lado da placa "não pise na grama", deitou no sofã de couro com os pés descalços sujos de terra. Ligou a TV: Assassinato. Morte. Enchente. Corrupção. Enchente. Morte. Ganho de loteria. Merchandising.
Desligou a TV, nada daquilo a fizera bem... Decidiu então respirar forte e esperar a angústia passar. Entrou na internet. Google, árvore com folhas vermelhas e alaranjadas. Flamboyant. Isso. Tinha sua própria árvore Flamboyant agora... Nome muito sofisticado, a alternativa foi o nome árvore-flamejante. Bem rústico.
Se sentiu mais pobre por um instante e dormiu no sofá sentindo-se bem com isso.
Acordou com toda a casa limpa e um cheiro de comida vindo da cozinha. Foi até lá:
- Olá Sra Vitória, sou sua cozinheira, fiz salmão ao molho de maracujá. Se quiser trocar posso lhe fazer filé mignon ao molho suíço que sua mãe gostava tanto. Uma pena morrer tão cedo né?
Precisaria agora de uma nova maneira de se sentir pobre, ou menos rica, mais modesta."Droga mãe! Não podia ser só um apartamento na praia ou algum dinheiro pra faculdade?".
Saturday, October 01, 2011
Wednesday, September 07, 2011
Marcas e passos
Uma noite chuvosa qualquer, trazendo o medo e o delírio de um ser, esse humano que não sabe mais o que esperar do agora e nem do que virá no futuro, confuso entre a vontade de sentir um novo amor e o medo de sofrer, entre o orgulho e o desespero. Enquanto espera por um sinal qualquer de que ele não caminha a passos largos para lugar algum, ele também age como quem não se importasse, quem não quisesse agir, pois sabe que carregaria o fardo de ter feito alguém sofrer, pelo simples ato deslizante de sua alma.
Aqui está ele sem o anjo protetor, sem nada que lhe diga o que é certo e errado... Simplesmente não há maneira de saber qual a conseqüência de seus atos, qual é a vida atingida, sua mente confusa espera a dinamite a explodir, para apenas se jogar enquanto sente em seu corpo algo do que se orgulhar. Não se vê nada no rio das faíscas sonhadoras que ele costumava chamar como sentimentos, seus sentimentos. Ele espalha confusão a sua volta, espalha dor em sua volta, mas não a sente. Ri enquanto chora sem motivo, corre enquanto não tem pressa e pega o primeiro ônibus ao lugar oposto do que ele acha dever ir. Seus atos não fazem sentido.
Ofusca suas qualidades tão ditas anteriormente, enquanto procura mais defeitos para demonstrar, já não basta somente à má impressão de ser alguém em busca de algo a sentir, ele quer também que todos esperem dele uma alma a chorar, resmungar, expor-se ao ridículo enquanto ouve o coral a cantar “Vamos rir, vamos apenas rir da alma a esperar convicções, da alma confusa de decisões, dessa alma sem dor”.
Mas ele apenas sorri mesmo em sua desgraça mental, sorri porque todos esperam um sorriso de sua face, pois ele tem um baú de ouro em suas mãos, tem sua vida no ápice das almas transbordadas pela fonte límpida e feliz, sorri porque não está triste ou entusiasmado, doce ou amargo. Ele tem tudo, mas quer mais.
Enquanto o tempo passa, o sujeito apenas espera por mais um amor, ou uma dose de tequila:
- Sal e limão nos dois, por favor.
Tuesday, August 02, 2011
Ordem e progresso
Riso, ah... Um bom riso.
Olhando o sangue através do abismo,
um corpo ali sem vida, da pátria desolado.
Morreu em vão, morreu igual a um cão
do jeito que queria, do jeito que havia de querer.
Pois soldado assim gosta de se ver morto,
quis sofrer aborto e vê na patria sua mãe.
Hino nacional toca em marcha fúnebre:
Mãe, pai, irmã e esposa a soltar lágrimas
de desespero, de fracasso do menino.
Dezoito anos só o coitado, foi servir seu sonho.
Acabou desalmado em solo amigo, por um amigo
em um acidente de percurso.
Queria ser advogado, médico ou escritor,
mas ouviu um dia de um sábio senhor:
"Quem ganha dinheiro, seu doutor,
é quem usa farda verde, marcha com louvor,
defende essa nação como se fosse
sua única função a viver, seu maior bem-querer.
Ama a pátria mais do que sua esposa
e morre com glória por um acaso do inimigo"
O rapaz só esqueceu, coitado,
que morrer pela pátria não é com fogo amigo,
muito menos em um treinamento.
Só resta o lamento de mais um jovem morto.
Futuro do país, um futuro destruido
sem violência, sem drogas, sem favela no Rio de Janeiro.
Morto com um tiro de sua pátria, em seu peito.
É o sangue inútil sujando a "Ordem e Progresso".
Olhando o sangue através do abismo,
um corpo ali sem vida, da pátria desolado.
Morreu em vão, morreu igual a um cão
do jeito que queria, do jeito que havia de querer.
Pois soldado assim gosta de se ver morto,
quis sofrer aborto e vê na patria sua mãe.
Hino nacional toca em marcha fúnebre:
Mãe, pai, irmã e esposa a soltar lágrimas
de desespero, de fracasso do menino.
Dezoito anos só o coitado, foi servir seu sonho.
Acabou desalmado em solo amigo, por um amigo
em um acidente de percurso.
Queria ser advogado, médico ou escritor,
mas ouviu um dia de um sábio senhor:
"Quem ganha dinheiro, seu doutor,
é quem usa farda verde, marcha com louvor,
defende essa nação como se fosse
sua única função a viver, seu maior bem-querer.
Ama a pátria mais do que sua esposa
e morre com glória por um acaso do inimigo"
O rapaz só esqueceu, coitado,
que morrer pela pátria não é com fogo amigo,
muito menos em um treinamento.
Só resta o lamento de mais um jovem morto.
Futuro do país, um futuro destruido
sem violência, sem drogas, sem favela no Rio de Janeiro.
Morto com um tiro de sua pátria, em seu peito.
É o sangue inútil sujando a "Ordem e Progresso".
Sunday, July 31, 2011
Batucada de Samba
Querer o que,
querer quem mais.
A vida leva,
a vida volta,
a maré dá voltas.
Sentir tua alma,
querer tua calma.
Ah, musica da selva,
me leva, me leva...
Em um só ritmo,
uma pequena batucada,
a flor desaflorada
do dia que já foi,
Como se fosse hoje
o dia da alegria,
da morte, da dor.
Enquanto estiver nessa roda de samba
vou fechar os olhos e dançar,
fechar os olhos e dançar,
sentir a musica e gostar,
sorrir, apenas a sambar...
Até anoitecer.
querer quem mais.
A vida leva,
a vida volta,
a maré dá voltas.
Sentir tua alma,
querer tua calma.
Ah, musica da selva,
me leva, me leva...
Em um só ritmo,
uma pequena batucada,
a flor desaflorada
do dia que já foi,
Como se fosse hoje
o dia da alegria,
da morte, da dor.
Enquanto estiver nessa roda de samba
vou fechar os olhos e dançar,
fechar os olhos e dançar,
sentir a musica e gostar,
sorrir, apenas a sambar...
Até anoitecer.
Wednesday, July 27, 2011
Absinto
Eu via as linhas do vento passando por ti,
de relance o sol no reflexo do teu corpo,
andava a tua volta, via seus olhos sonhadores.
Quis te dizer uma palavra, mas não haveria resposta,
então calei-me, apenas contemplando a beleza
de teu corpo nú me olhando de relance.
Quis chamar-te à dança, pintar-te surrealista,
te transformar em literatura, escrever-te uma canção.
Estás com fome? Estás com sono?
Quer ouvir uma melodia de amor?
Enquanto eu sorria, tu ainda me olhava, como se não houvesse
futuro ou passado, amanhã ou ontem.
Como se a resposta para tudo fosse ficar ali, parada,
vendo o desejo consumir-me, o desejo de te ter.
A falácia de que tu és por direito minha e só minha.
Me perco nesse sorriso amarelado, pois eu sei,
a insanidade que me fez isso, a idéia insana de você.
Poderia apenas assistir um filme romântico, mas...
Ao invés disso quis te querer por inteira,
já que não viva ao meu lado, refeita em minhas próprias mãos.
Afinal, tu estás agora em sua cama e alma gêmea,
e eu estou aqui, a contemplar uma escultura.
de relance o sol no reflexo do teu corpo,
andava a tua volta, via seus olhos sonhadores.
Quis te dizer uma palavra, mas não haveria resposta,
então calei-me, apenas contemplando a beleza
de teu corpo nú me olhando de relance.
Quis chamar-te à dança, pintar-te surrealista,
te transformar em literatura, escrever-te uma canção.
Estás com fome? Estás com sono?
Quer ouvir uma melodia de amor?
Enquanto eu sorria, tu ainda me olhava, como se não houvesse
futuro ou passado, amanhã ou ontem.
Como se a resposta para tudo fosse ficar ali, parada,
vendo o desejo consumir-me, o desejo de te ter.
A falácia de que tu és por direito minha e só minha.
Me perco nesse sorriso amarelado, pois eu sei,
a insanidade que me fez isso, a idéia insana de você.
Poderia apenas assistir um filme romântico, mas...
Ao invés disso quis te querer por inteira,
já que não viva ao meu lado, refeita em minhas próprias mãos.
Afinal, tu estás agora em sua cama e alma gêmea,
e eu estou aqui, a contemplar uma escultura.
Wednesday, July 20, 2011
Despertador
Enquanto eu olhava as fotos,
enquanto eu suspirava os fatos.
A voz que me vinha a cabeça,
sua voz, cochichando em meus ouvidos:
"Você fez o que quis, você quis o que fez"
E eu balbuciando pequenas palavras sozinho...
"Eu...eu...me desculpe, me perdoe"
Me apunhale pelas costas, jogue em um canto escuro.
Não fui nem um pouco o homem que desejei ser,
fugi mesmo aos meus princípios, cortei meu próprio dedo.
É esse seu medo de me querer novamente,
essa sensação de que tudo voltará.
Me traz a imaginação traiçoeira, verdadeira
de você falando aos prantos:
"Você me fez sorrir, me fez chorar, quer-me fazer voltar?"
Nunca disse essas palavras, não houve momento a lhe procurar.
O simples ato de ainda querer lhe ver, lhe sentir em um abraço,
foi a ilusão sua e minha de um novo começo,
de um adereço que não houve em um momento sequer,
o sentimento cheio na alma vazia, que ali jazia, não houve.
Aqui estou eu, novamente a te matar por dentro,
novamente a te querer por fora, sendo egoísta.
Um humano só no meu próprio universo,
utilizando cada ser como se fosse um objeto.
Aqui está você, meu livro preferido de historias mal contadas
já desgastado pelo tempo, empoeirado pelo vento,
com páginas rasgadas que já não voltam mais...
A culpa foi minha, que te tratei como não devia
e agora alucino com suas memórias de vida,
lembranças da morte.
O meu maior medo, é querer novamente arrancar-lhe um pedaço.
Está tão linda em minhas memórias...
Porém enquanto estou a beira da ponte querendo pensar
te ouço baixo, bem baixo, ouvido a sussurrar:
"Pule..."
enquanto eu suspirava os fatos.
A voz que me vinha a cabeça,
sua voz, cochichando em meus ouvidos:
"Você fez o que quis, você quis o que fez"
E eu balbuciando pequenas palavras sozinho...
"Eu...eu...me desculpe, me perdoe"
Me apunhale pelas costas, jogue em um canto escuro.
Não fui nem um pouco o homem que desejei ser,
fugi mesmo aos meus princípios, cortei meu próprio dedo.
É esse seu medo de me querer novamente,
essa sensação de que tudo voltará.
Me traz a imaginação traiçoeira, verdadeira
de você falando aos prantos:
"Você me fez sorrir, me fez chorar, quer-me fazer voltar?"
Nunca disse essas palavras, não houve momento a lhe procurar.
O simples ato de ainda querer lhe ver, lhe sentir em um abraço,
foi a ilusão sua e minha de um novo começo,
de um adereço que não houve em um momento sequer,
o sentimento cheio na alma vazia, que ali jazia, não houve.
Aqui estou eu, novamente a te matar por dentro,
novamente a te querer por fora, sendo egoísta.
Um humano só no meu próprio universo,
utilizando cada ser como se fosse um objeto.
Aqui está você, meu livro preferido de historias mal contadas
já desgastado pelo tempo, empoeirado pelo vento,
com páginas rasgadas que já não voltam mais...
A culpa foi minha, que te tratei como não devia
e agora alucino com suas memórias de vida,
lembranças da morte.
O meu maior medo, é querer novamente arrancar-lhe um pedaço.
Está tão linda em minhas memórias...
Porém enquanto estou a beira da ponte querendo pensar
te ouço baixo, bem baixo, ouvido a sussurrar:
"Pule..."
Monday, July 04, 2011
Volver
Espere um pouco, véras dança,
música com um filete de prepotência,
como se já não bastasse a ignorância.
Vai encontrar, não... Vai aprender,
que quanto mais segura em algo perpétuo
mais o perpétuo desaparece.
É o tango argentino,
é a alma melancólica
se desfazendo no ritmo lento.
Não espere fazer o que é preciso,
apenas queira fazer, sem pensar,
não se sabe onde, não se sabe o que.
É como se seus pés soltassem o chão,
mas não para voar, apenas flutuassem.
Não adiantaria correr, andar, rastejar,
porque você não iria sair do lugar.
Continue dançando ao vento, sozinho,
é um tango, argentino, lentamente cortante
a cada nota significativa.
Nenhuma palavra sairá de sua boca agora,
tentará cantar, mas nada será ouvido...
Nenhum tom, nenhum grito estridente,
apenas a melodia melancólica.
Sobrou você e o tango.
Sobrou sua alma e a dança.
Sobrou seu tempo e o fim.
Nada de sua mente confusa sobreviverá,
aprenderá apenas a dançar, flutuando.
É você, são eles, apenas um tango, meu caro.
Não há do que temer.
Ah, espere?
Você espera não dançar sozinho?
Meu amigo, é um tango argentino,
quão alegre poderia ser?
música com um filete de prepotência,
como se já não bastasse a ignorância.
Vai encontrar, não... Vai aprender,
que quanto mais segura em algo perpétuo
mais o perpétuo desaparece.
É o tango argentino,
é a alma melancólica
se desfazendo no ritmo lento.
Não espere fazer o que é preciso,
apenas queira fazer, sem pensar,
não se sabe onde, não se sabe o que.
É como se seus pés soltassem o chão,
mas não para voar, apenas flutuassem.
Não adiantaria correr, andar, rastejar,
porque você não iria sair do lugar.
Continue dançando ao vento, sozinho,
é um tango, argentino, lentamente cortante
a cada nota significativa.
Nenhuma palavra sairá de sua boca agora,
tentará cantar, mas nada será ouvido...
Nenhum tom, nenhum grito estridente,
apenas a melodia melancólica.
Sobrou você e o tango.
Sobrou sua alma e a dança.
Sobrou seu tempo e o fim.
Nada de sua mente confusa sobreviverá,
aprenderá apenas a dançar, flutuando.
É você, são eles, apenas um tango, meu caro.
Não há do que temer.
Ah, espere?
Você espera não dançar sozinho?
Meu amigo, é um tango argentino,
quão alegre poderia ser?
Subscribe to:
Posts (Atom)
Applesauceless Week
Lately the nights have an added sparkle, like you could, with your smile, just brighten a whole townhouse. Clean energy for everyone around ...
-
Bom, como eu não sou uma especialista, é claro que vão ter algumas falhas no post, mas o que vale é a intenção \o/ 1º Se você resolve pintar...
-
Atos Escrevo Porque não sei cantar Porque não sei dançar Porque não sei sorrir Porque só sei sentir Sinto Porque não sei fingir Porque não s...
-
*O* wwoooon! segunda eu conheçi o amigu do cris. ou melhor o outro autor do blog que até agora eu não sei escrever o nome :D skspoakspokas...