Sunday, November 01, 2009

Pós-Forca

Tens em mãos algo bom.
Você não sabe o que é
Tampouco tem interesse em saber.
Mas... observe! É reluzente e traz guerra.
A guerra é rica fonte de renda,
Rica terra.
Ouro. Mais à frente, petróleo.
Rica terra.
Mergulham-nos em alho e óleo:
Um ponto no mapa que se enterra.

Um ponto no mapa. Apenas mais um.
É o que somos. Sempre dizem.

Beba deste cálice de sabedoria!
Por trás de toda propaganda,
Há uma frigideira a nos esperar.
Fritando os preconceitos, não.
Fumegando homens de peito
E crianças a sorrir e brincar.
Esse foi mais um dia de alegria,
O repórter disse na televisão.

Imaginando como seria sorrir,
Uma garota sonha.
E após deitar sobre a limpa fronha,
Ora.
É a prece de dias melhores.
"E dias melhores virão!", reza a lenda.

A garota olha o mundo com bons olhos
Mas nunca vê o que almeja.
Proposital - Desigualdade, fome, abandono.
O abandono concreto de algo abstrato,
- frutas, castiçais e bandejas -
Estava tudo no contrato,
Apenas mais um corpo sobre a mesa.

E boas qualidades,
Tais que as desconhece.
Garota triste, chora a desabafar;
Seus desabafos o vento leva
Transformando fome em pão.
Foi distante, e distalmente parou:
Aos pés de um pobre faminto,
Desejando a calmaria,
A paz de um mundo vilão.

Trepidantes, os rumores da sociedade.
Apedrejando prostitutas,
Batendo nas portas das casas,
Dê dinheiro e conseguirá seu lugar no céu! - gritam.
Com a caneta a arranhar o papel,
O contrato (aquele da morte sobre a mesa).
Mãos que seguram colheres a perfurar o doce,
É o dinheiro do povo, aquele doce de mel
Tamanha amargura, flamenjante como fel,
Que levam o saciar até a boca...
Veja! É o dinheiro do povo,
Que eles lavam tudo de novo,
Nessa época pós-forca.

A sobremesa acabou.

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