Friday, July 31, 2009

Talvez o sim seja não

- Sim, sim, é esse que eu quero!

Observei o senhor de 70 anos dizendo continuadamente isso e mostrando um carro novo e esportivo da loja em que trabalho, senhores assim ‘aventureiros’ que gostam de fazer de sua aposentadoria uma bela despedida da vida eu já vi várias vezes, mas nenhum com tanta ênfase, a maioria desistia quando não prometíamos conforto ou mesmo seguro de vida para seus netos caso houvesse algum acidente (não sei por que a cisma deles de acharem que a concessionária devia fazer isso, mas prefiro não pensar e tomar um café), mas aquele senhor me soava diferente...coisas sempre me soam diferentes às vezes, é certa mania que tenho para quebrar minha rotina de pensamentos, agora eu pensara constantemente no senhor insistente enquanto meu colega de trabalho o atendia.

- Mas meu senhor, é um modelo esportivo que atinge 100km/h em 10 segundos!

É obvio o que era aquele carro, o senhor de idade não me parecia surdo ou cego, logo percebera que não era qualquer carro para sair nos fins de semana, era carro de rico, na maioria filhinhos de papai. Por que tanta insistência em tal modelo?

- Eu quero esse modelo, vi na internet, sei as características meu jovem...não precisa dizer.

Na verdade gostei muito da resposta do velho senhor e comecei a criar certo carisma por ele nessa hora, deixem o cara se divertir...

- O senhor tem problemas de saúde? Pressão alta, problemas no coração?

Percebi que o funcionário começou a apelar para fazer o Speed Racer da 3º idade desistir da idéia, só que pelo brilho nos olhos do senhor já percebi que o dia ia ser daqueles em que velhos senhores iriam lotar as lojas a procura de mais inclusão na sociedade automobilística, ou uma ONG qualquer viria cobrando o direito do velho senhor de querer se matar nas estradas por aí.

- Olha, meus problemas de saúde não são de sua conta, eu apenas quero esse carro!

Se o homem conhecesse meu colega de trabalho não diria isso, ele era formado em Medicina pela USP e não, eu também não sei o que ele fazia trabalhando numa concessionária ao invés de ser médico, mas procurei não me aprofundar nesse assunto.

- Eu sei meu senhor, mas é que eu não estou autorizado a vender esse carro para você, a gerência da concessionária me deixa vender apenas a jovens, me desculpe...

Foi aí que vi parte da dor do senhor em ser chamado de ‘velho’ descaradamente, os olhos dele se encheram de lagrimas, até uma pessoa insensível sentiria dó dele...

- Eu não queria o carro, apenas fui ver o quão nós idosos podemos ser excluídos da sociedade, semana passada tentei comprar uma moto normal nessa mesma concessionária e também fui proibido, na verdade eu quero é ver qual desculpa vocês poderiam me dar...obrigado por ser sincero meu filho...mas meus 73 anos não me impedem de nada que eu queira, a sociedade que nos “protege” demais e nos proíbe de viver.

Sinceramente aquilo para mim foi o cúmulo, o senhor deu uma lição de moral impressionante não em meu colega, mas na sociedade de um modo geral, o preconceito não existe apenas nos olhos de quem não vê, e bem...talvez eles não queiram proteção e sim viver por conta própria, ajuda merece quem quer e necessita de ser ajudado, não quem quer viver em paz por si só. Desde aquele dia eu penso, talvez ele não tivesse dito ‘sim’ quando mostraram-lhe o carro, mas ‘não’ quando o proibiram de tê-lo.


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História que criei, não ficou muito boa, ainda não recuperei minha inspiração pra escrever...
Fui.

1 comment:

Anonymous said...

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